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FinTech: das finanças pessoais à análise de risco

Produtos digitais cobrem a indústria financeira. A inteligência artifical tanto apoia no ‘backoffice’ como recomenda estratégias de investimento.
19 Abril 2019, 11h00

A interação entre clientes e bancos nunca foi tão elevada como agora. A opinião é de Luís Miguel Vieira,  administrador executivo da Associação de FinTech e InsurTech Portugal (AFIP). “Os canais online e, em particular, o smartphone, ubíquos e disponíveis vinte e quatro horas por dia, permitem um contacto sem precedentes com os serviços financeiros”, explicou o administrador da AFIP.

A inovação tecnológica levou os serviços financeiros a estarem presentes onde, quando e como o utilizador entender.

As soluções colocadas no mercado pelas FinTech, sob a égide da agilidade e da eficiência, têm como característica o facto de serem customer centric, isto é, altamente focadas nas exigências dos clientes.

Neste contexto, Margarida Mendes da Maia, diretora da Portugal FinTech, lembrou a importância de algumas FinTech ao apoiarem os consumidores “a tomar uma decisão [financeira] consciente, informada, mais barata e customizada, num mundo financeiro complexo, com demasiada oferta e pouca literacia”, e deu como exemplo as portuguesas Compara Já e a Doutor Finanças.

A diretora da FinTech Portugal salientou que, no panorama nacional, as FinTech portuguesas operam marcadamente no segmento B2B. Aqui, defendeu Margarida Mendes da Maia, as FinTech “apoiam a banca a ultrapassar as dificuldades técnicas informáticas (…) que lhes dificultam a inovação”.

Talvez, por isso, os bancos se tenham virado para as FinTech para aprofundarem a experiência digital, oferecendo soluções que correspondam às expectativas dos clientes.

Exemplo disso tem sido a política do Banco Best, um banco online, que “implementou um programa com startups para explorar novos caminhos e aprender formas inovadoras de utilizar a tecnologia”, explicou António Martins, diretor de marketing do Best. A título exemplificativo, o diretor do banco revelou que o Best, com recurso à inteligência artificial, tem um projeto que permite responder às questões dos clientes vinte e quatro horas por dia. Recentemente, o Best lançou o primeiro ‘Robo Advisor’ em Portugal que, sabendo o perfil do investidor em causa, sugere estratégias de investimento em fundos pré-selecionados.

Outros exemplos de FinTech que trabalham no segmento B2B, apoiando a banca tradicional a de­senvolver produtos tecnológicos, são a Loqr, a Feedzai, a Bankonnect ou a James. “Trabalham com a banca de forma a permitir-lhe prestar serviços mais eficientes, user friendly e fluidos”, salientou Margarida Mendes da Maia.

Mas são as soluções de pagamentos os serviços desenvolvidos pelas FinTech mais visíveis junto do consumidor final. “As soluções de pagamentos e de transferência de dinheiro têm sido um dos grandes sucessos da indústria FinTech em Portugal”, frisou Luís Miguel Vieira.

No entanto, o administrador da AFIP revelou que o financiamento colaborativo, como a Raize, está em “crescimento acelerado pela capacidade de inovação financeira, disponibilizando soluções que não existiam” até há pouco tempo.

De resto, as soluções da banca digital, apoiada no know-how tecnológico das FinTech, são extremamente diversificadas. Neste aspecto, Luís Miguel Vieira destacou as soluções de transferência de dinheiro, ou de aplicações financeiras, como as soluções de lending, de gestão de finanças pessoais e ‘Robo-advisor’ ou crowdfunding imobiliário. Enquanto inovações de backoffice da banca, o administrador da AFIP elencou as soluções de gestão de risco e de compliance automático através de machine learning, soluções de inteligência artificial para avaliação de risco e para prevenção de fraude.

“As FinTech trouxeram (…) aos consumidores alternativas à hegemonia da banca tradicional, fazendo-os reavaliar as suas necessidades”, frisou Margarida Mendes da Maia.

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