A ministra da Saúde, Marta Temido, apontou para o período perto de 14 de abril como a data na qual o surto do novo coronavírus em Portugal poderá atingir o pico.
“De acordo com a evolução do número de casos de Covid-19 em Portugal, e com os cálculos das estimativas epidemiológicas disponíveis, que a data prevista para a ocorrência do pico da curva epidemiológica se situe à volta de 14 de abril”, explicou Temido, em conferência de imprensa conjunta com Graça Freitas, Diretora Geral da Saúde.
Portugal conta com um total de 1.280 casos positivos, mais 260 face ao dia de ontem, segundo os dados divulgados este sábado pela Direção-Geral de Saúde (DGS) este sábado, 21 de março. A autoridade de saúde revelou a existência de 12 vítimas mortais no país, face às seis reportadas ontem.
A ministra adiantou que face ao alargamento da expansão geográfica da pandemia e uma tendência crescente da curva, embora já se perceba dos números um abrandamento na inclinação da curva, que “na semana que vem irá ser passado a ser aplicado um novo modelo na abordagem ao doente Covid-19”.
Explicou que a DGS e vários outros serviços clínicos tem vindo a trabalhar nesse modelo, que já está suficiente desenvolvido para ser “libertado” hoje, com início da aplicação na quinta-feira, dia 26 de março, para dar tempo às entidades para fazerem algumas adaptações, nomeadamente na separação de áreas para doentes Covid-19 e outros e para o ministério poder distribuir mais equipamento de proteção individual e de mais testes.
“De uma forma muito simples, já sabem que há uma série de doentes que têm estado a ser tratados no domicílio, desde o início do surto e depois da declaração da pandemia, e o que se pretende é agilizar e reforçar essa possibilidade, garantindo que os doentes são seguidos mesmo no seu domícilio”, sublinhou, adiantando que irá ser divulgado uma norma sobre esta nova abordagem.
Questionada pelos jornalistas sobre algum eventual arrependimento em relação às medidas tomadas. “Ao longo daquele que tem sido o combate ao surto, todos temos feito uma aprendizagem, temos sempre seguido as orientações da OMS, temos olhado para os outros países”, respondeu.
“Podemos sempre olhar para trás e pensar que aqui ou ali podíamos ter feito de uma forma diferente… mas fizemos sempre aquilo que eram as orientações existentes a cada momento, por parte dos técnicos e das autoridades de saúde”, adiantando que os primeiros focos de propagação começaram no norte do país, uma região que tem sido exemplar no comportamento em relação ao surto.
Bens escassos
A disponibilidade de testes e de equipamento de proteção pessoal têm sido dos temas mais em foco nos últimos dias. Marta Temido disse que Serviço Nacional de Saúde tem cerca de ronda, mas adiantou “que temos mais testes disponíveis no setor privado e no setor convencionado e temos estado a trabalhar com esses setores”.
Em relação a máscaras tipo 2, explicou que o ministério aguarda entregas, uma no dia 23 e outra no dia 30. “Estamos a garantir que tudo aquilo que é capacidade de aquisição é concretizada, que a reserva estratégica não tem baixas, que a distribuição para as instituições do SNS é feita por articulação com a ARS competente e o Infarmed”.
Temido salientou ainda que é importante perceber que os bens de proteção individual “são um bem escasso”.
“Compreendo a ansiedade de quem trabalha nos mais variados setores – lojas, farmácias, indústrias – em usar uma máscara, mas temos de perceber que temos um número limitado de máscaras”, vincou.
[Atualizada às 13h14]
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