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Davos: Economia circular pode mudar o rumo do aquecimento global

Enquanto os líderes empresariais estão reunidos na pequena localidade helvética, um novo estudo do grupo Circle Economy realça que existe um longo caminho a percorrer para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, salientando a importância em reutilizar, re-fabricar e reciclar os materiais existentes.
22 Janeiro 2019, 16h12

Apenas 9% dos mil milhões de toneladas de materiais que entram na economia mundial são reciclados, uma percentagem que tem que aumentar drasticamente para evitar alterações climáticas devastadoras, alertou um relatório divulgado esta terça feira, durante o Fórum Económico Mundial, em Davos.

Enquanto os líderes empresariais estão reunidos na pequena localidade helvética, um novo estudo do grupo Circle Economy realça que existe um longo caminho a percorrer para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, salientando a importância em reutilizar, re-fabricar e reciclar os materiais existentes.

As alterações climáticas estão fortemente ligadas à quantidade de matérias primas que são usadas. Quase dois terços das emissões de gases de efeito estufa são libertados durante a extração, processamento e fabrico de bens para atender às necessidades da sociedade, explica este relatório.

Anualmente, são usadas 92,8 mil milhões de toneladas de minerais, combustíveis fósseis, metais e biomassa, três vezes mais do que em 1970. O relatório citado pelo ”Independent” indica ainda que até 2050 esses números deverão duplicar.

A maioria das estratégias desenhadas pelas ONGs para combater as alterações climáticas prevê medidas como a implementação do uso de energias renováveis e quase não refere a importância na criação de uma economia circular.

O relatório pede aos executivos mundiais que tomem medidas para passar de uma economia linear (“take-to-waste”) para uma economia circular que maximize o uso de ativos existentes, de modo a reduzir a dependência de novas matérias-primas e minimizar o desperdício. Durante a apresentação do relatório, a Holanda foi usada como exemplo que estabeleceu uma meta de se tornar 50% circular até 2030 e 100% até 2050.

A ‘Circle Economy’ argumenta que a inovação para prolongar a durabilidade dos recursos existentes não só poderá reduzir as emissões, mas também diminuir a desigualdade social, promovendo o crescimento económico baixo em carbono.

Um exemplo de como isso pode funcionar na prática passa pelo setor da construção civil na China, onde a maioria das casas e estradas que as pessoas irão usar nos próximos 50 anos ainda estão por construir. Os investigadores estimam que a construção de infraestruturas e edifícios na China emita cerca de 3,7 mil milhões de toneladas de gases de efeito estufa a cada ano. Os investigadores referem também que, até 2050, o número irá aumentar de 239 para 562 mil milhões de toneladas de materiais utilizados.

Menos de 2% dos materiais de construção da China são reutilizados ou reciclados, embora os dados do relatório indiquem que isso está a melhorar. Aumentar ainda mais esta percentagem pode causar um impacto significativo nas emissões e ajudar o planeta a manter a temperatura a 1,5ºC, como ficou acordado no Acordo Climático de Paris.

Caso estas recomendações sejam aplicadas sistematicamente, os modelos de negócio circulares “mudariam o rumo na batalha contra o aquecimento global”, garantiu o diretor executivo da Circle Economy, Harald Friedl. “[Os governos] deveriam redesenhar as cadeias de fornecimento até os poços, campos, minas e pedreiras de onde vêm esses recursos, para que possamos consumir menos matérias-primas. Isso não só reduzirá as emissões, mas também impulsionará o crescimento, tornando as economias mais eficientes”, vincou.

 

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