A DBRS Morningstar publicou um comentário que discute o desempenho dos bancos europeus impulsionado pelo aumento das margens financeiras líquidas em 2023.
À beira de os bancos apresentarem os resultados do terceiro trimestre, a DBRS diz que espera que “o ambiente de taxas elevadas continue a apoiar os resultados do terceiro trimestre de 2023”. No entanto, “a receita da margem financeira líquida atingiu um pico para muitos bancos, em nossa opinião, dada a reavaliação das carteiras de crédito que já ocorreu, a recuperação das taxas de depósito e o abrandamento do crescimento dos empréstimos na Europa”, defende a DBRS.
O BCE reduziu a remuneração das reservas mínimas de 4% para 0%, com efeitos a partir de 20 de setembro de 2023, o que deverá também ter um efeito atenuante. No entanto, esperamos que a margem financeira se mantenha muito acima do nível anterior às subidas das taxas do banco central centrais”, acrescenta a agência de rating.
“Com poucas exceções, os bancos europeus comunicaram um aumento significativo da rentabilidade desde meados de 2022. Em média, a rendibilidade dos capitais próprios dos bancos europeus aumentou de 7,7 % no primeiro semestre de 2022 para 11,1 % no primeiro semestre de 2023, tendo alguns ultrapassado significativamente este nível. Este aumento foi, em grande medida, impulsionado por um salto notável nas margens de juro líquidas (NIM) dos bancos, impulsionando a margem financeira (NII), enquanto os custos de crédito permaneceram baixos. No entanto, as receitas líquidas de juros divergiram na Europa devido a diferenças na duração da carteira de duração da carteira de empréstimos, da estrutura dos depósitos e do ambiente competitivo do lado dos depósitos”, lê-se na análise.
Os principais destaques da nota da DBRS, em resumo, incluem a constatação que a receita líquida de juros tem impulsionado fortes ganhos nos bancos europeus e que existe uma divergência significativa entre os bancos europeus no que respeita aos juros cobrados no crédito e pagos nos depósitos, o que explica as diferenças de desempenho.
No estudo é revelado que os bancos em Portugal foram os que registaram maior subida anual da margem financeira. Subiu em média 45% face ao primeiro semestre de 2022.
Grécia, Portugal e Irlanda relataram as margens mais altas e os maiores aumentos na margem financeira no segundo semestre de 2022 e no primeiro semestre de 2023, e normalmente compartilham características comuns. “Operam em mercados com uma elevada proporção de empréstimos a taxas variáveis e já fizeram o ripricing de uma grande parte, senão de toda a sua carteira de empréstimos.
Os bancos destes países não repercutiram grande parte dos aumentos das taxas de juro nos aumentos das taxas de juros aos depositantes.
Os depósitos remunerados (com vencimento acordado e reembolsáveis à vista) como proporção dos depósitos globais tendem a ser baixos e os títulos de dívida pública que constituem uma parte significativa dos activos dos bancos têm rendimentos mais elevados.
A tradição de fixação de preços dos empréstimos difere na Europa e por tipo de empréstimo. Segundo a DBRS, no crédito a empresas é comum os empréstimos serem a taxas variáveis ou períodos de taxas fixas até cinco anos, com alguns países a apresentarem uma maior proporção de empréstimos a taxa fixa do que outros.
Existem discrepâncias maiores nos empréstimos hipotecários, que normalmente constituem uma grande parte dos balanços dos bancos. Em Portugal a maioria dos novos empréstimos hipotecários foram contratados a taxas variáveis. Noutros países, como a Grécia, a Áustria, a Espanha e a Itália, a proporção de novos empréstimos hipotecários a taxas variáveis diminuiu durante o período de taxas baixas, mas, em média, ainda é alta. Em contraste as hipotecas de taxa fixa são o padrão na Alemanha, França, Países Baixos e Bélgica, que juntas representam mais de metade do mercado bancário europeu, revela a agência canadiana.
A DBRS prevê que no futuro, as receitas líquidas de juros deverão diminuir na maioria dos países, embora para níveis ainda saudáveis.
“O aumento significativo dos lucros dos bancos europeus ao longo do ano passado foi em grande parte impulsionado por um salto notável na receita líquida de juros dos bancos, enquanto os custos de crédito permaneceram baixos”, refere no comunicado Sonja Förster, Vice-Presidente de Instituições Financeiras Globais da DBRS Morningstar.
“No entanto, para muitos bancos, foi atingido um pico, na nossa opinião, dada a reavaliação das carteiras de empréstimos que já ocorreu, a recuperação das taxas de depósito e o abrandamento do crescimento do crédito na Europa”, acrescenta.
Os bancos portugueses que foram considerados na análise, são a CGD, o BCP, Novobanco e Banco Montepio.
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