A DBRS manteve esta sexta-feira a notação da dívida soberana portuguesa inalterada em ‘BBB (high)’ e perspetiva ‘estável’.
A agência de notação canadiana considerou que devido à sua “natureza aberta e pequena”, a economia portuguesa está “vulnerável” às condições económicas e financeiras que estão a ser impactadas pela atual crise da saúde a nível mundial.
A DBRS antecipa que haja uma degradação da economia este ano devido à rápida propagação do contágio da Covid-19. “No mínimo, a economia portuguesa vai desacelerar nos primeiros trimestres do ano devido à queda do turismo e ao enfraquecimento da confiança e da indústria”, explicou a agência de notação em comunicado.
“A procura interna deverá abrandar significativamente este ano, a diversificação das exportações não deverá proteger as exportações do choque da Covid-19 mais alargado na procura”, alertou a DBRS. “O turismo, um componente cada vez mais importante nas exportações de serviços, já começou a dar sinais claros de abrandamento”.
No entanto, ressalvou que a “dureza” do arrefecimento da economia “vai depender da profundidade e da duração do choque. O tempo o dirá se a propagação da doença vai desacelerar e se as respostas domésticas e globais à pandemia serão adequadas”, adiantou.
Em relação à manutenção da perspetiva como ‘estável’, a DBRS justificou que tal reflete a diversificação da economia portuguesa, que se traduz em exportações de melhor qualidade e na subida do investimento privado. “A economia portuguesa está em melhor posição face à última crise e mais capais de suportar um crescimento sustentado. O resultado orçamental está em equilíbrio com o ano passado e o rácio da dívida face ao PIB está a cair a um ritmo positivo”, lê-se na nota.
Em consequência, a DBRS considera que existe “espaço orçamental” para fazer face ao choque.
No que diz respeito ao sistema financeiro, a agência de notação realçou que os balanços dos bancos “continuam a fortalecer-se, tal como tem vindo a ser demonstrado pela melhoria da qualidade do crédito”.
Na frente política, apesar do Governo minoritário socialista, a DBRS lembrou que existe “um compromisso claro” entre os partidos políticos para uma boa gestão e redução da dívida. E, apesar de rating de Portugal também se explicar pelo facto de país estar na zona euro, beneficiando de políticas macroeconómicas credíveis, permanecem “legados da crise do euro que continuam a causar vulnerabilidades, incluindo a elevada dívida pública, elevados níveis de crédito malparado, embora em declínio, e relativamente lento crescimento económico”.
Na última avaliação, em outubro do ano passado, a agência de notação financeira justificou a melhoria persistente de Portugal em diversos indicadores e considerou que “a posição orçamental está amplamente equilibrada e o rácio da dívida face ao PIB está num ritmo de declínio saudável”.
Na sexta-feira passada, a S&P manteve a notação da dívida soberana portuguesa em ‘BBB’ e perspectiva ‘positiva’. A agência norte-americana optou por não publicar nenhum relatório, mas uma tabela mostrava que a avaliação se manteve inalterada.
Em janeiro, a Moody’s tinha uma avaliação agendada à notação da dívida soberana portuguesa, mas optou por não se pronunciar, mantendo a notação em ‘Baa3’ com perspetiva ‘estável’. A próxima agência a pronunciar-se sobre Portugal é a Fitch, no dia 22 de maio.
(atualizada às 21h29)
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