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De ‘developer’ a CFO: estas são as funções mais procuradas pelas empresas em Portugal

Em 2019, seis especialistas de diferentes setores destacam-se da grande maioria ao representarem as funções mais procuradas pelas empresas em Portugal atualmente.
3 Abril 2019, 19h36

Developers, Head of Digital, supervisores O&M para energias renováveis, Plant Managers da indústria automóvel, CFOs e Key Account Managers são os profissionais mais requisitados neste momento em Portugal.

A Robert Walters, consultora de recrutamento especializado de postos intermédios e diretivos, entrevistou os responsáveis de cada divisão sobre cada um destes especialistas, desde as funções ao perfil requerido e ao salário oferecido em cada uma.

 

Developers

Paulo Ayres, Manager na divisão de IT Software Development na Robert Walters, explica-nos que os programadores “são hoje alguns dos profissionais mais requisitados do mercado português. Estão presentes em quase todas as indústrias, desde empresas alimentares bastante tradicionais a consultoras de alta tecnologia.” São responsáveis pelo desenvolvimentos de sistemas, programas, ERPs, sites, games, aplicações mobile, entre outros. No mundo da programação existem diversas linguagens, sendo “as mais requisitadas Java, .Net, Python, Javascript”, comenta.

Paulo Ayres acrescenta: “um bom programador, para além do conhecimento técnico, capacidade analítica e de abstração, tem de ter cada vez mais boas capacidades de comunicação para interagir com a área de negócio e extrair informações fundamentais para um bom desenvolvimento.” São esperados aumentos salariais para todo o tipo de developers na medida que há um número crescente de oportunidades sem aumento equivalente de candidatos no mercado.

 

Head of Digital

90% dos processos de compra têm início numa pesquisa online, pelo que o Marketing Digital e o Marketing de Conteúdo são cada vez mais essenciais para o sucesso de qualquer empresa. Ana Monteiro, consultora de Marketing Digital na Robert Walters, comenta que um Head of Digital “deve apresentar um percurso profissional de pelo menos 10 anos em Marketing Digital”, sendo as competências desejadas para esta posição “conhecimentos de e-commerce e publicidade online, domínio das ferramentas Google (Adwords, Analytics, etc.), conhecimentos de SEO e Email Marketing, assim como experiência comprovada em media digitais e research, capacidade de gestão de equipa e gestão da relação com clientes, aliadas a inteligência empresarial.”

Prevê-se um aumento salarial para todas as posições ligadas ao Marketing Digital, nomeadamente para a função Head of Digital. Ana Monteiro indica que este aumento se deve a três motivos: “primeiro, a crescente importância e impacto do Marketing Digital nas empresas; segundo, as competências e experiência exigidas são cada vez mais específicas; por último, os profissionais estão cada vez mais especializados com o crescimento das ofertas formativas, pelo surgimento de vários cursos especializados nas várias vertentes do Marketing Digital.”

 

CFO

Atualmente, os CFOs encontram-se com grande procura em Portugal “devido ao crescimento económico do país, que aumentou os níveis de contratação de profissionais de finanças, e porque as empresas cada vez mais começam a perceber a importância de terem um perfil estratégico com fortes conhecimentos financeiros”, comenta Vasco Rodrigues, Manager da divisão de Accounting & Finance na Robert Walters.

Um bom CFO em 2019 deve ter “fortes capacidades analíticas, de planeamento e comunicação interpessoal de forma a ser capaz de trabalhar e estabelecer uma relação positiva com o CEO da empresa, membros do conselho de administração, e outros diretores.” Vasco Rodrigues acrescenta que “os requisitos essenciais a esta posição são fortes competências técnicas; consolidada experiência de risco no que diz respeito a compliance e auditoria interna; conhecimentos de sistemas de ERP; conhecimentos profundos do ambiente regulatório, e um pensamento estratégico.” Outros requisitos importantes são “fortes conhecimentos de princípios GAAP e de contabilidade fiscal, sendo cada vez mais necessário o domínio do mundo digital das tecnologias da informação.”

No que diz respeito à experiência necessária para exercer este cargo, Vasco Rodrigues explica-nos que um CFO deve possuir “experiência comprovada em finanças e contabilidade no contexto de posições de gestão.” Esperam-se aumentos salariais para CFOs com todos os anos de experiência face a 2018.

 

Supervisor de O&M – Energias Renováveis

O setor das energias renováveis encontra-se em forte expansão em Portugal, envolvendo tanto empresas nacionais como internacionais. Nesse sentido, um supervisor de O&M é dos perfis mais procurados, principalmente para a área de Lisboa, Porto e Coimbra. Trata-se de uma “posição-chave para garantir o melhor retorno do investimento no que diz respeito a parques eólicos e centrais fotovoltaicas, agindo como elemento de ligação entre promotores, clientes e distribuidores”, comenta François-Pierre Puech, Senior Manager na divisão de Engenharia e Operações na Robert Walters. A rotatividade destes perfis é baixa, tendo uma média de antiguidade nas empresas superior a 5 anos. Esta situação está a criar uma certa pressão no mercado para atrair este tipo de profissionais, causando aumentos nos pacotes salariais, que neste momento estão entre os 37 e os 45 mil brutos anuais, para além de bónus e viatura de empresa.

De entre as suas funções, o supervisor O&M “segue o plano estratégico anual de operações da companhia, assegurando o ótimo desempenho dos ativos em conformidade com os padrões e procedimentos HSE”.

Geralmente, o perfil mais procurado para esta função é alguém com 7 ou mais anos de experiência de gestão e manutenção de parques eólicos ou centrais fotovoltaicas, com fortes capacidades analíticas e de organização, bem como experiência de gestão de equipas técnicas e um olhar estratégico da indústria. Além disso, valorizam-se principalmente profissionais que dominem mais de um idioma, de preferência inglês e espanhol, e que tenham uma cultura de “Security First”.

 

Key Account Manager

Aos dias de hoje, a função de Key Account Manager é fundamental para o desenvolvimento de negócio em qualquer empresa. Estes profissionais, de forma geral, “são as primeiras linhas na atividade comercial, realizando a prospeção de novos clientes assim como a gestão e manutenção de parceiros para potenciar saudavelmente o negócio”, explica Diogo José de Mello, consultor de Sales na Robert Walters. Para tal, um bom “KAM” precisa de entender “as necessidades dos seus clientes de forma a promover os seus produtos ou serviços de uma maneira customizada. Assim, a boa capacidade de negociação, os skills relacionais interpessoais combinados com um mindset objetivo e analítico resultam num excelente perfil de Key Account Manager”, explica.

A função de KAM insere-se essencialmente em três segmentos diferenciados e complementares: KAM On Trade, que se caracteriza por representar o mercado de bares, restaurantes, casas noturnas, cafés, clubes e hotéis;  KAM Of Trade, que representa todos os pontos de venda como hipermercados, supermercados, minimercados, quiosques, mercearias e lojas de varejo no geral; e KAM Cash & Carry, que representa o mercado de Grossistas e Retalhistas em Portugal. Dada a importância desta função, estes profissionais são extremamente cobiçados no mercado de trabalho. Como consequência, há uma tendência para aumentos salariais por parte das empresas que visam atrair e reter o seu talento.

 

Plant Manager – Indústria Automóvel

A indústria automóvel em Portugal encontra-se perante um forte desafio, uma vez que países de mão de obra mais barata no Norte de África e Europa de Leste estão a oferecer serviços de qualidade competitivos, ameaçando a atratividade da indústria nacional. Um dos principais objetivos é melhorar a produtividade das fábricas, diminuindo os custos e melhorando KPIs de produção. Para tal, são necessários bons Plant Managers para “garantir a máxima capacidade e qualidade para toda a produção e operação da fábrica, gerindo também todos os responsáveis pelas diferentes atividades, incluindo manufatura, supply chain, qualidade, engenharia e manutenção, finanças e recursos humanos”, explica François-Pierre Puech.

O perfil mais procurado é um profissional sénior, com mais de 10 anos de experiência de sucesso a gerir equipas multifuncionais, habituado a desenhar e implementar planos de melhoria da planta produtiva através da metodologia Lean/Kaizen, com uma mentalidade estratégica e analítica relativamente a toda a cadeia de produção, para além de capacidades comprovadas de liderança e comunicação. Se, além de tudo isto, tiver experiência internacional e contar com capacidades de gestão de contas de clientes, será fortemente requisitado principalmente para as zonas industriais da Grande Lisboa, Grande Porto e Coimbra, podendo contar com um pacote salarial entre 90 e 120 mil euros brutos anuais, para além de viatura de empresa e outros benefícios.

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