Marcelo Rebelo de Sousa:
+
O incumbente foi reeleito, como esperado, por uma margem claríssima e ainda por cima superou o seu próprio resultado de 2016. Os 60,91% (com a contagem quase fechada) comparam com os 12,97% da segunda classificada Ana Gomes e os 52% que Marcelo obteve há cinco anos. A partir de qualquer ponto de vista, é um resultado que legitima o desempenho do ex-líder do PSD em Belém e dá força renovada para lidar com os múltiplos desafios no novo mandato, à cabeça a pandemia, mas também uma gestão do ciclo governativo que vai incluir autárquicas este ano e legislativas em 2023.
–
Não conseguiu igualar ou sequer chegar perto do resultado recorde de 70,35% obtido por Mário Soares na reeleição em 1991. Esse seria sempre um feito difícil, tornado ainda mais improvável pelo desgaste provocado pelo papel, dividido com António Costa, na gestão da crise sanitária e consequente quebra económica.
Ana Gomes:
+
A ex-eurodeputada conseguiu um dos objetivos principais a que se propôs: impedir que André Ventura ficasse em segundo lugar. Apesar de não ter o apoio do Partido Socialista, conseguiu quase 13% dos votos, com mais de 541 mil cruzes. “Se eu não tivesse estado nesta disputa estaríamos hoje a lamentar ainda mais progressão da extrema-direita”, afirmou a ex-diplomata.
–
O segundo lugar no pódio foi conseguido, mas por margem escassa face aos 11,90% de André Ventura, e ficou muito aquém das expetativas aquando do lançamento de uma candidatura que na altura foi vista como uma lufada de ar fresco na corrida. Ana Gomes não conseguiu persuadir várias figuras do PS, que apoiaram Marcelo, e fez uma campanha medíocre que termina com um resultado que atinge o objetivo mínimo, mas que também peca por escasso.
André Ventura:
+
O terceiro lugar e o compromisso de deixar a liderança do Chega (à qual deverá voltar em qualquer caso) não impedirão, muito provavelmente, André Ventura de acordar esta segunda-feira com uma sensação de vitória. O resultado, atingido com quase meio milhão de votos, reafirma o fenómeno Chega na sociedade portuguesa e torna-o tema de análise constante e incontornável.
–
O resultado impressionante coloca pressão no partido e em André Ventura de duas formas. A fasquia ficou alta e poderá ser difícil de atingir nas próximas eleições, pois poderá exigir um upgrade na organização e na capacidade dos quadros. Em segundo, os adversários à esquerda vão ter de reagir e o fenómeno Ana Gomes já mostrou que a oposição ao movimento de André Ventura pode vir dos partidos ou de independentes.
João Ferreira:
+
Os 4,32% colocaram o candidato do PCP à frente de de Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, e ainda permitiram superar percentualmente o resultado do camarada Edgar Silva em 2016. Se estas eleições serviram como mais um passo na caminhada de João Ferreira para herdar a liderança do partido, apesar de não deslumbrar, o candidato não envergonhou.
–
Ter ficado atrás de André Ventura em todo o Alentejo é um duro golpe para o PCP numa região tradicionalmente fiel aos comunistas. O candidato do Chega foi buscar votos também a Marcelo, mas o sinal mais preocupante de perda de de influência é para o PCP.
Marisa Matias:
+
Mostrou serenidade no momento da derrota, sendo a primeira a falar e a aproveitar para alertar sobre a a “reconfiguração” da direita e o facto de muitos dos eleitores de direita terem votado num candidato de extrema-direita.
–
Após uma campanha dificultada por problemas de saúde, a convergência de pontos com Ana Gomes e a escassez de campanha de rua, o resultado da eurodeputada bloquista foi dececionante. O quinto lugar, com 3,95% dos votos, ficou longe dos 10,12% de há cinco anos, levando Matias a conceder que os resultados “ficam longe do que eram os objetivos”.
Tiago Mayan Gonçalves:
+
O candidato da Iniciativa Liberal teve o direito de considerar que fez uma “corrida bonita”, numa campanha em crescendo e que chegou aos 3,22%. O resultado, que supera o previsto em muitas sondagens, permite à IL sonhar mais alto, especialmente porque Mayan conseguiu mostrar as diferenças substantivas com o Chega em várias áreas sociais.
–
O crescimento em termos de votos é parco quando comparado com o disparo do Chega, significando que a IL irá ter redobrar os esforços para placar o momentum do partido de André Ventura.
Vitorino Silva
+
No seu estilo muito próprio, pleno de simpatia e palavras simples, ‘Tino de Rans’ afirmou que está apenas a “meio caminho” e aproveitou para dar mais uma dica à classe política. “Os políticos têm que descer à terra e somos um país que temos excelentíssimos a mais”, sublinhou.
–
Eventualmente pela diminução do factor novidade ou pelos temos serem diferentes, Vitorino Silva não conseguiu igualar os 3,28% que obteve em 2016, ficando-se pelos 2,94%.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com