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Debate Marcelo-Mayan aquece no final com divergências sobre estado de emergência

Marcelo Rebelo de Sousa apontou o dedo à Iniciativa Liberal no debate realizado pela RTP, perguntando “qual seria o saldo em termos de mortes” caso não houvesse estado de emergência, enquanto Tiago Mayan Gonçalves disse que Portugal está a “enfrentar destruição económica e social” devido aos decretos do atual Presidente da República.
  • Debate Marcelo Rebelo de Sousa-Tiago Mayan Gonçalves
3 Janeiro 2021, 22h20

O Presidente da República e candidato à reeleição Marcelo Rebelo de Sousa terminou o debate com Tiago Mayan Gonçalves, realizado pela RTP nesta noite de domingo, com um ataque à Iniciativa Liberal por ter votado quase sempre contra o estado de emergência, perguntando “qual seria o saldo em termos de mortes” se Portugal não tivesse recorrido pela primeira vez a essa possibilidade prevista pela Constituição. Por seu lado, o candidato liberal, que ao longo de meia hora acusou o interlocutor de ter sido “ministro da propaganda” do Governo de António Costa, respondeu que “o estado de emergência do senhor Presidente faz com que o país esteja a enfrentar a destruição económica e social”.

Tiago Mayan Gonçalves referiu-se diretamente ao recolher obrigatório nas tardes de fim-de-semana como exemplo das consequências negativas do estado de emergência, levando “a que o país se tenha de concentrar nos supermercado” nas manhãs de sábado. E acusou Marcelo Rebelo de Sousa de “escolher desconfiar dos portugueses”, apesar de, na opinião do candidato liberal, todos estarem conscientes de que o Natal e o Ano Novo não seriam iguais aos anteriores, tal como estiveram preparados durante o verão, “quando o senhor Presidente estava a partilhar minis e bolas de Berlim e a arranjar esquemas para mergulhar na praia”.

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que os “países ultraliberais que mais estavam contra o estado de emergência acabaram por adotá-lo”, apontando os Estados Unidos e o Reino Unido como casos em que foi necessário injetar dinheiro na economia e conceder apoios sociais, e questionou como é que um governo que seguisse a ideologia de Mayan Gonçalves conseguiria enfrentar o problema da pandemia, nomeadamente nos lares.

Depois de um início em que o candidato à reeleição ouviu serenamente os ataques do interlocutor, começando por dizer que “em democracia não pode haver censura” e que “o Presidente da República está sujeito a escrutínio”, Marcelo Rebelo de Sousa desafiou Mayan Gonçalves a dizer quais seriam as outras leis que vetaria se tivesse estado nos últimos cinco anos no Palácio de Belém. O candidato apoiado pela Iniciativa Liberal apontou o exemplo do “simulacro de democracia” em que PS e PSD “combinaram a eleição” dos presidentes das comissões de coordenação e desenvolvimento regional, apelidando Marcelo de “candidato dos donos disto tudo”, ao que este perguntou se o interlocutor achava que os autarcas que tiveram direito a voto nesse processo “são todos marionetas do Governo”.

Mais tarde, respondendo a uma pergunta de Carlos Daniel, que moderou o debate, Marcelo Rebelo de Sousa falou na qualidade de chefe de Estado que receberá nesta segunda-feira os partidos com representação parlamentar, reafirmando que pretende uma renovação do estado de emergência por apenas oito dias. Algo que, a seu ver, permitirá confirmar o impacto do Natal e do Ano Novo na pandemia de Covid-19, nomeadamente na reunião do Infarmed que decorrerá no dia 12. E acrescentou ter “a sensação de que houve laxismo” nos últimos dias, manifestando-se também preocupado com a variante britânica do novo coronavírus SARS-CoV-2 e do efeito que poderá ter na quantidade de internamentos em enfermaria e nos cuidados intensivos.

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