O fenómeno de degelo na Antártida poderá atingir níveis irreversíveis nas próximas décadas, mesmo se o aquecimento global diminuir.
As conclusões são apresentadas num estudo conduzido pela Nasa, e citado pelo The Guardian, esta terça-feira, que descobriu que o glaciar do Thwaites está a descongelar a uma grande velocidade e que os níveis do mar poderão subir até 50 centímetros.
Uma pesquisa recente descobriu que a taxa de perda de gelo de cinco glaciares antárticos duplicou em seis anos e foi cinco vezes mais rápida do que na década de 90. A perda de gelo está se espalhar da costa para o interior do continente, com uma redução de mais de 100 metros de espessura em alguns locais, explica o The Guardian.
Acredita-se que o glaciar Thwaites, uma parte da camada de gelo da Antártida Ocidental, represente o maior risco para um rápido aumento do nível do mar no futuro.
Isso é comprovado numa pesquisa publicada recentemente na revista mensal Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos EUA, que analisou a probabilidade do glaciar ceder à instabilidade climática e os danos que seria provados.
Alex Robel, professor assistente do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos EUA, e autor do estudo, afirmou que se a instabilidade fosse desencadeada, o manto de gelo pode perder-se num espaço de 150 anos, mesmo se as temperaturas parassem de subir. “Vai continuar por si só e essa é a preocupação”, referiu.
Simulações sugerem que a extensa perda de gelo está prevista daqui a a 600 anos, mas os investigadores argumentaram que isso pode acontecer mais cedo, dependendo do ritmo do aquecimento global e da natureza da instabilidade.
Os investigadores concluíram que fazer uma estimativa da quantidade de gelo que vai derreter nos próximos 50 a 800 anos não é possível devido a flutuações climáticas e limitações de dados imprevisíveis. No entanto, 500 simulações de cenários diferentes apontam para o agravamento da instabilidade climática, o que aumentou as certezas sobre o aumento dos níveis do mar.
Segundo o jornal britânico, uma perda completa da camada de gelo da Antártida Ocidental pode aumentar o nível do mar global em cerca de cinco metros, fazendo com que as cidades costeiras do mundo ficassem submersas.
Num estudo divulgado recentemente na mesma revista, foi descoberti que a extensão do gelo marinho ao redor da Antártida havia sofrido uma queda “precipitada” em 2014. As imagens de satélite mostraram que a Antártida perdeu tanto gelo marinho em quatro anos quanto o Ártico perdeu em 34 anos.
O gelo do mar Antártico foi aumentando gradualmente durante 40 anos e atingiu níveis recorde em 2014, antes de cair acentuadamente. A causa da reviravolta abrupta ainda não foi estabelecida, mas tudo indica que as alterações climáticas têm um papel fundamental nesse fenómeno.
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com