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Degelo na Antártida pode provocar um aumento do nível das águas até 50 centímetros

Acredita-se que o glaciar Thwaites, uma grande parte da camada de gelo da Antártida Ocidental, represente o maior risco para um rápido aumento do nível do mar no futuro.
10 Julho 2019, 07h15

O fenómeno de degelo na Antártida poderá atingir níveis irreversíveis nas próximas décadas, mesmo se o aquecimento global diminuir.

As conclusões são apresentadas num estudo conduzido pela Nasa, e citado pelo The Guardian, esta terça-feira, que descobriu que o glaciar do Thwaites está a descongelar a uma grande velocidade e que os níveis do mar poderão subir até 50 centímetros.

Uma pesquisa recente descobriu que a taxa de perda de gelo de cinco glaciares antárticos duplicou em seis anos e foi cinco vezes mais rápida do que na década de 90. A perda de gelo está se espalhar da costa para o interior do continente, com uma redução de mais de 100 metros de espessura em alguns locais, explica o The Guardian.

Acredita-se que o glaciar Thwaites, uma parte da camada de gelo da Antártida Ocidental, represente o maior risco para um rápido aumento do nível do mar no futuro.

Isso é comprovado numa pesquisa publicada recentemente na revista mensal Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos EUA, que analisou a probabilidade do glaciar ceder à instabilidade climática e os danos que seria provados.

Alex Robel, professor assistente do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos EUA, e autor do estudo, afirmou que se a instabilidade fosse desencadeada, o manto de gelo pode perder-se num espaço de 150 anos, mesmo se as temperaturas parassem de subir. “Vai continuar por si só e essa é a preocupação”, referiu.

Simulações sugerem que a extensa perda de gelo está prevista daqui a a 600 anos, mas os investigadores argumentaram que isso pode acontecer mais cedo, dependendo do ritmo do aquecimento global e da natureza da instabilidade.

Os investigadores concluíram que fazer uma estimativa da quantidade de gelo que vai derreter nos próximos 50 a 800 anos não é possível devido a flutuações climáticas e limitações de dados imprevisíveis. No entanto, 500 simulações de cenários diferentes apontam para o agravamento da instabilidade climática, o que aumentou as certezas sobre o aumento dos níveis do mar.

Segundo o jornal britânico, uma perda completa da camada de gelo da Antártida Ocidental pode aumentar o nível do mar global em cerca de cinco metros, fazendo com que as cidades costeiras do mundo ficassem submersas.

Num estudo divulgado recentemente na mesma revista, foi descoberti que a extensão do gelo marinho ao redor da Antártida havia sofrido uma queda “precipitada” em 2014. As imagens de satélite mostraram que a Antártida perdeu tanto gelo marinho em quatro anos quanto o Ártico perdeu em 34 anos.

O gelo do mar Antártico foi aumentando gradualmente durante 40 anos e atingiu níveis recorde em 2014, antes de cair acentuadamente. A causa da reviravolta abrupta ainda não foi estabelecida, mas tudo indica que as alterações climáticas têm um papel fundamental nesse fenómeno.

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