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Demóstenes agora usa cascas de lapas

Compreendo perfeitamente as razões que levaram a dita “Lebre do Norte” a vir para a imprensa regional atacar o ex-presidente do PS-Madeira, Carlos Pereira, que é, sem qualquer margem para dúvida, o melhor e mais bem preparado e qualificado político que o partido alguma vez teve e que também tem currículo próprio e muito bom profissionalmente, o que, também sem qualquer margem para dúvidas, continuar a incomodar muita gente, acredito que gostavam de ser tão bons quanto ele, mas não o são nem nunca o serão.
18 Setembro 2018, 07h15

Sempre tentei compreender os “porquês” mesmo quando não simpatizo com as pessoas e, como é óbvio, não o escondo, não gosto mesmo nada de Emanuel Câmara por todas as razões e mais algumas, sendo a principal o servil papel a que se predispôs e que não foi certamente a pensar no bem maior das pessoas da Madeira e Porto Santo e muito menos do partido enquanto um dos principais responsáveis do “putch” que não só colocou o Partido Socialista nas mãos de um político sem provas dadas e não militante, que não é mais do que a manutenção do paradigma do passado, dos lobbies jardinistas, como ainda por cima o dividiu e reza a história que o que está divido raramente ganha.

Ou seja: compreendo perfeitamente as razões que levaram a dita “Lebre do Norte” a vir para a imprensa regional atacar o ex-presidente do PS-Madeira, Carlos Pereira, que é, sem qualquer margem para dúvida, o melhor e mais bem preparado e qualificado político que o partido alguma vez teve e que também tem currículo próprio e muito bom profissionalmente, o que, também sem qualquer margem para dúvidas, continuar a incomodar muita gente, acredito que gostavam de ser tão bons quanto ele, mas não o são nem nunca o serão.

Deve ser bastante tramado ser presidente de um partido e não ter direito a botar faladura nos “Diálogos da Treta” em curso, ser obrigado a estar ali caladinho e sorridente, a fazer simplesmente figura de corpo presente, como outro qualquer. Mas também compreendo perfeitamente as razões para não o quererem no palco. Aquilo é uma algaraviada, do género, quanto mais alto falo, quanto mais grito, quanto mais concordâncias verbais e ortoépia rebentar, quanto mais incoerência mostrar melhor. Sejamos honestos, qualquer um de nós conhece muita gente mais articulada, mais bem-falante, mais consistente, mais sedutoras e persuasivas, inclusivamente uma delas é a senhora que à sexta-feira vem cá a casa fazer a limpeza, só tem um defeito, não se chama Esperança.

Mas, para isso, há um remédio, quase santo e histórico. Faça como Demóstenes – se não souber quem é, peça a quem lhe escreve os artigos de opinião para lho dizer – só que em vez de seixos na boca, vá andando, falando e declamando poemas (a poesia tem o poder de elevar as almas), com casca de lapas, já que gosta tanto de arroz de lapas e esse parece ser o seu grande contributo político para a política regional. A verdade é que o método funcionou com o grego e, assim, a proeminência está ao seu alcance. Basta mesmo umas cascas de lapas. Já agora aproveito para deixar um dos pensamentos dele: pensa-se como se vive!

Voltando ao busílis da questão e ainda antes de expor mais uma outra mais do que possível razão para este súbito ataque a Carlos Pereira que bem pode ser a abertura da caixa de Pandora, porque repito, para ganhar é preciso unir, somar e não subtrair, é intolerável chamar mentiroso ao anterior líder, que recuperou a credibilidade do PS-Madeira enquanto outros e não foram poucos, incluindo o líder da JS-M, estavam era mais ocupados a minar a unidade constituída com muito esforço (não era o Emanuel Câmara que dizia que oito em cada dez madeirenses  e porto-santenses queriam o actual presidente da CMF para a Quinta Vigia?! Só se for na aritmética do Porto Moniz, como o têm demonstrado as sondagens).

Ademais, sei perfeitamente que não houve respostas à tentativa apresentada para a construção de uma agenda da unidade, importante e imprescindível para que o PS-M seja realmente capaz de se apresentar de forma ganhadora ao eleitorado. Aliás, viu-se bem como agiram no Congresso e vê-se bem como continuam a agir. Isto de trazer para a comunicação social a manifesta incapacidade para unir e apenas mostrar que sabe insultar os seus pares afasta e repele mais do que atrai. Por outro lado e sejamos novamente honestos, conhecemos todos bem como tudo isto funciona, como se montam este tipo de jogadas e até já se comenta nos bastidores do partido que a ideia é escolher o filho para número dois da futura lista à Assembleia da República, mas com o meu voto é que não. Nunca.

P.S. Tenho dito e redito e assim continuarei a dizer que não podemos confiar num político que mente à população, ao eleitorado, referindo-me sempre à promessa eleitoral do candidato plagiador e mentiroso à Quinta Vigia, mas e que dizer do Emanuel Câmara?! É que, convém não esquecer, fez o mesmo às duas mil e tal almas do Porto Moniz, que tenho a certeza não lhe teriam dado a votação que lhe deram se lhes dissesse que ia abandonar o mandato a meio.

 

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