Num texto de opinião intitulado “55 milhões de subsídio à TAP?” o deputado, vice-presidente do parlamento regional reconhece que “em determinadas situações, melhorámos o preço real das nossas deslocações ao Continente” mas sublinha:
“Comparativamente ao regime de ajudas anterior, pelo menos para quem tem suficiente disponibilidade financeira, é obviamente mais barato. O maior problema estará no necessário adiantamento financeiro que é obrigatório fazer e que perturba muito o orçamento familiar de muita gente”.
Lembrando que “não são os 86 euros de custo final, mas o total da viagem que é preciso antecipar”, Miguel Sousa considera que o teto de 400 euros, como limite do custo a subsidiar, “tem evidentes contornos escandalosos”.
“Dizem que reservando com muita antecedência se conseguem melhores preços. Evidente, mas tal redução não é só para os insulares. É para toda a gente em qualquer voo no mundo que compre bilhete com antecedência”, escreve Sousa no texto no Diário de Notícias funchalense.
“A continuidade territorial não é para viagens programadas com antecedência, é para ir ao Continente quando queremos ou precisamos ir, tenha a programação que tiver. Do mesmo modo que o algarvio ou o transmontano vai ao Porto ou a Lisboa pelo mesmo custo quando e em que dia quiser”, sublinha.
Sousa diz que “no dia que o vice-presidente da TAP esteve na Assembleia Legislativa (audição sobre este tema) simulei uma viagem a Lisboa – Funchal-Zurich-Lisboa (com Air Berlin e TAP) e com igual regresso, que tinha um custo inferior a 400 euros, enquanto uma simples ida e volta a Lisboa na TAP ultrapassava esse valor. Curioso a TAP apenas cobrar 64 euros no percurso Lisboa-Zurich-Lisboa”.
O deputado social-democrata garante que “todo este absurdo tem de ter uma explicação. E não é o interesse insular”.
“Para mim é a vontade do governo nacional em subsidiar a TAP. Dar à TAP, em cada ano, cerca de 55 milhões de euros, 30 milhões pela Madeira e outros 25 milhões pelos Açores, enquanto as migalhas adicionais vão para a concorrência. Contrapartida da privatização? Oportunidade de ajudar os privados e os trabalhadores agora accionistas? Acerto de contas por prejuízos do regabofe anterior com viagens para África e Venezuela sem receber o dinheiro dos bilhetes? Ou outra justificação por enquanto desconhecida”, interroga o Vice-Presidente do parlamento madeirense.
Ressalvando que “os responsáveis da TAP dizem que o preço do bilhete decorre do mercado – voos cheios com muita procura provocam subida dos preços”, Miguel Sousa admite ser fácil a TAP aumentar a oferta para satisfazer a procura sem pressão nos preços. “Aumenta o número de voos ou opera com aviões de maior capacidade. Dizer que o preço aumenta, para valores exorbitantes, porque a procura é muita, só pode ser porque a TAP quer cobrar mais. Se não quer ou faça voos adicionais ou use aviões maiores. E, no ridículo do exagero, para ainda aumentar muito mais os preços basta reduzir ainda mais os voos e o porte dos aparelhos”, diz.
Sousa conclui referindo não saber se esta situação “é caso de polícia ou só de política. Mas que não está bem, estamos todos de acordo”.
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