Ao nível da Economia Internacional, o principal foco de interesse será a queda da Venezuela. Outrora um dos países mais desenvolvidos da América do Sul, a descoberta de petróleo levou a uma típica situação de “Dutch Disease” (descoberta de recurso natural impacta os mercados cambiais levando à queda da exportação de bens manufacturados). Em cima desse problema, o Chavismo promoveu uma redistribuição da riqueza dos produtivos para os politicamente bem relacionados, levando à destruição de recursos, à política monetária expansionista e, por fim, à drástica redução de consumo da população – o oposto do prometido. Na falta da capacidade de mudança política, a economia deverá este ano implodir por via monetária, e o regime seguirá dentro de semanas. Será o fim do “modelo” do Bloco de Esquerda.

Ao nível da Economia Europeia, o principal perigo é o isolacionismo que poderá triunfar em França. A esquerda parece nada ter aprendido com a derrota de Clinton e parece assim tudo fazer pela Frente Nacional de Le Pen. Assisto com estupefação e creio que se tivessem feito um acordo Molotov–Ribbentrop  não poderiam ser mais eficazes. Continuem com o mesmo discurso do politicamente correto, de evitar discutir questões com “virtue signaling” e colagem de rótulos, e de empurrar as pessoas razoáveis para fora do vosso espaço… e o resultado será a eleição de Le Pen. A esquerda pode evitar essa eleição centrando o debate nos temas do momento e discutindo-os racionalmente, para desarmadilhar a bomba do voto emocional nos extremos, mas não sei se terá capacidade para o fazer e receio o resultado.

Ao nível nacional, 2017 não deverá ser um ano de grandes novidades na economia, sendo um ano de “esticar a corda da catapulta” para o quarto resgate, que deverá ser disparada mais tarde. Enquanto a festa dura, o PIB deverá ter o mesmo crescimento anémico da década passada e o desemprego deverá ir baixando ao longo do ano (ajustado sazonalmente). Todas as demais variáveis económicas e financeiras deverão estar sob o efeito do soro da União Europeia, pelo que não se esperam grandes novidades. 2017 deverá ser o ano da degradação da geringonça, mas não acredito que seja o da sua queda.