O primeiro-ministro, Luís Montenegro, escolheu a reta final da campanha para as autárquicas para revelar que o Complemento Solidário para Idosos (CSI) vai aumentar 40 euros no próximo ano, subindo para 670 euros, uma medida que estará incluída no Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) que o Governo vai entregar sexta-feira na Assembleia da República.
Um anúncio que motivou duras críticas da oposição. José Luís Carneiro, secretário-geral do Partido Socialista (PS), acusou o Governo de “descarada falta de isenção” por anunciar medidas em plena campanha eleitoral.
“Já há muito tempo que chamei a atenção para o facto de, entrando em período eleitoral, nós iríamos assistir a uma descarada falta de isenção, de imparcialidade, de independência naqueles que hoje são titulares das mais importantes funções políticas”, disse o líder socialista aos jornalistas no final de uma visita ao Hospital Garcia da Orta, em Almada, Setúbal. José Luís Carneiro.
O secretário-geral do PS já tinha, no fim de semana, afirmado que Governo iria usar as duas semanas de campanha para as autárquicas para apresentar “medidas eleitoralistas” a “conta-gotas”.
Rui Tavares, porta-voz do Livre, comentou o aumento do Complemento Solidário para Idosos anunciado pelo primeiro-ministro assinalando que o país “já conhece bem as manhãs de Luís Montenegro”. “Acho que o que há a relevar daqui, porque isso não é novidade – essa parte das manhas de Luís Montenegro já é chover no molhado – é que queremos que o Complemento Solidário para Idosos chegue a cada vez mais gente”, afirmou Tavares.
Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, desafiou mesmo o primeiro-ministro a revelar as “coisas negativas” do OE2026, o que, ironizou, só deverá acontecer depois de domingo, dia de autárquicas.
“A pergunta que eu faço é: quando é que ele lança cá para fora as coisas negativas, muito negativas do Orçamento? Se calhar só depois das eleições”, atirou o líder comunista.
Quem também comentou a subida do CSI foi André Ventura. O líder do Chega defendeu que o aumento é insuficiente e que preferia uma subida permanente das pensões. Ventura acusou também o Governo de “populismo e de eleitoralismo autárquico”.
Críticas que não atingem Luís Montenegro, que devolve dizendo: “O facto de as pessoas dizerem que a apresentação [de medidas] tem uma vertente eleitoralista, significa que reveem no conteúdo do orçamento. Só é eleitoralista aquilo que agrada aos eleitores”.
O Presidente da República avisou, contudo, que embora os calendários tenham cruzado a entrega do OE2026 e as autárquicas, o Governo “deve evitar fazer campanha” com medidas do documento que vai entregar no Parlamento na sexta-feira, dia 10. Marcelo admitiu, ainda assim, ser inevitável que se falasse de Orçamento.
“Há aqui uma coincidência de datas (…) e é de compreender que cada partido possa dizer aquilo que é a sua expectativa para o futuro, mas [o Governo] deve evitar fazer campanha eleitoral sobre isso“, disse.
Com Lusa
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