Para o ex-ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, os portugueses continuam com uma “enorme” vontade de cumprir as regras de saúde pública de combate à Covid-19. Mas, alerta: “precisam de regras simples e claras”, considerando que “as excepções sem critério técnico e científico minam a confiança”. Ex-governante avisa que segunda vaga chegará a Portugal tal como está a acontecer em muitos dos países que desconfinaram antes de nós e realça que “é possível, no entanto, controlar os seus efeitos e minimizar os respectivos impactos.
Na sua página do Facebook, Adalberto Campos Fernandes recorda que na primeira fase estávamos expostos ao desconhecido, pelo que, diz, “a reação foi defensiva e a vantagem era, quase toda, do inimigo”. “Agora, pelo contrário, a nossa responsabilidade é muito maior porque temos os meios para lutar com inteligência e eficácia. Desta vez a bola está, de facto, do nosso lado. Dar como certa a vitória poderá levar a um mau resultado. O jogo não está (ainda) para exibições para a bancada. Falta muito trabalho coletivo e muita resiliência. A vitória está ao nosso alcance.”, conclui naquele rede social.
“Sinais contraditórios, mensagens incoerentes, regras não sustentadas desmobilizam as vontades. A velha expressão olha para o que eu digo e não para o que eu faço’ ganha significado acrescido”, alertou hoje o ex-ministro na sua página do Facebook.
Alerta de ex-governante surge numa altura em que as autoridades de saúde anunciaram vão adotar uma nova estratégia no combate à covid-19 na região e Lisboa, onde se tem registado a maior percentagem de novos casos, que passa pelo acompanhamento mais focado nos casos positivos, depois da fase de rastreios para detetar focos da doença.
Segundo o boletim epidemiológico divulgado esta segunda-feira pela Direção-Geral de Saúde (DGS), nas últimas 24 horas, foram contabilizou mais 192 casos confirmados por Covid-19, dos quais 78% em Lisboa e Vale do Tejo, e seis vítimas mortais. O número de pessoas infetadas pelo novo coronavírus sobe assim para 34.885, enquanto que o número de óbitos passa para 1.485. Também hoje o secretário de Estado da Saúde alertou: “Temos vencido coletivamente os nossos medos, certamente não nos vamos deixar derrotar por excessos de confiança”.
Já no seu post, Adalberto Campos Fernandes recorda que a situação “invulgar” que vivemos, desde o início de março, caracteriza-se por dois momentos “muito diferentes”. O primeiro, diz, beneficiou de “um comportamento coletivo solidário que teve como elemento aglutinador essencial o medo”.
“As imagens que nos chegavam, todos os dias, primeiro de Itália e depois de Espanha, mobilizaram a vontade coletiva de proteção e de resistência. O desconhecimento sobre a natureza do vírus e dos seus efeitos aliado à falta de tratamento eficaz fizeram o resto”, reforça Adalberto Campos Fernandes.
O ex-ministro da Saúde considera que ao longo de várias semanas fomos aprendendo a “conviver” com esta nova ameaça.“ Os testes e as máscaras passaram a fazer parte do nosso armamentario defensivo juntando-se aos novos hábitos de distanciamento social e de higiene respiratória. Fomos aprendendo a viver, de modo diferente, confrontados com um complexo mosaico de recomendações compreendendo umas duvidando de outras mas, no essencial, cumprindo”.
Adalberto Campos Fernandes deixa, no entanto, alertas para a fase de desconfinamento – com o país a entrar no início de junho na terceira fase com os centros comerciais, ginásios, cinemas e teatros podem voltar a abrir, mas com regras apertadas. Face ao aumento de casos de Covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo, Lisboa acabou por ver adiado o levantamento de algumas restrições.
“Esta segunda fase, que agora vivemos, afigura-se muito diferente”, alerta o ex-ministro, sinalizando que “a necessidade de retomar a vida social e económica associada à indomável vontade de recuperar a liberdade trouxe uma realidade bem diferente”.
Para Adalberto Campos Fernandes, os portugueses continuam com uma “enorme” vontade de cumprir mas, alerta, “precisam de regras simples e claras”, considerando que “as excepções sem critério técnico e científico, de defesa da saúde pública, minam a confiança”.
E deixa o aviso: “ninguém duvida de que a famigerada segunda vaga chegará a Portugal tal como está a acontecer em muitos dos países que desconfinaram antes de nós. É possível, no entanto, controlar os seus efeitos e minimizar os respectivos impactos”.
Para Adalberto Campos Fernandes, nesta nova fase, mais do que nunca, a confiança é fundamental. Por isso, frisa, “sinais contraditórios, mensagens incoerentes, regras não sustentadas desmobilizam as vontades. A velha expressão olha para o que eu digo e não para o que eu faço’ ganha significado acrescido”.
Recorde-se que no sábado, milhares de portugueses saíram à rua em manifestações contra o racismo nalgumas cidades portugueses, em solidariedade para com outras ações do género que evocam a morte de George Floyd, um afro-americano de 46 anos que morreu em 25 de maio, em Minneapolis (EUA), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho numa operação de detenção. Nesta manifestação, muitos usaram máscara, mas o distanciamento social imposto pela prevenção do Covid-19 acabou por não ser cumprido.
Já no domingo, o PCP organizou um comício, em Lisboa, com lugares marcados e distância entre os militantes, muitos deles de máscara, no jardim Amália Rodrigues, no alto do parque Eduardo VII, contra a perda de direitos em tempos de pandemia.
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