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Desincentive-se a plantação de eucaliptos!

É necessário travar a expansão do eucalipto no país, e na Região, e combater a liberalização da sua plantação indiscriminada, através de um novo regime jurídico! É que os focos de floresta ardidos entre nós, têm reincidido precisamente nas grandes áreas de eucaliptais!
3 Setembro 2018, 07h15

Resultante de muita da irresponsabilidade política, tem-se assistido nos últimos 40 anos a uma grande expressão da plantação desregrada do eucalipto, entre nós.

Esta plantação assumiu uma importância económica no país pelo facto de terem um crescimento rápido (formam um manto florestal em 6 anos e têm ciclos de exploração de cerca de 12), para posterior utilização na pasta de celulose, usada no fabrico de papel, carvão, madeira e produtos químicos. No entanto, esta, é uma espécie invasora, de fácil implantação nos solos, e capaz de substituir e competir com a restante vegetação, nomeadamente no que se refere aos recursos hídricos, prejudicando a biodiversidade das florestas, e é por este facto que têm sido tomadas medidas de erradicação destas espécies em vários países. Mas em Portugal, incluindo a Região Autónoma da Madeira, a que é que se tem assistido?! A uma associação evidente e inegável destas ao flagelo dos fogos florestais, que têm sido recorrente entre nós. É que estas espécies são as que mais iniciam e propagam os fogos, além de serem das mais resistentes aos fogos florestais! Nos terrenos densos de eucaliptal, as chamas de um incêndio podem alcançar mais de 300 metros de altura! E se é verdade que muitos dos fogos suspeitos terão origem em queimadas criminosas, outra verdade é que estes podem igualmente resultar da autocombustão dos óleos voláteis libertados pelo eucalipto, em dias de maior calor.

É imperativo que se melhore a gestão deste tipo de plantação, começando pelas áreas protegidas, por forma a restringi-la, mesmo que gradualmente, da nossa paisagem. Não se trata de acabar com o eucalipto, até porque a “demonização” destas espécies não é correta sob os pontos de vista político, científico e ecológico, mas é urgente que se estabeleça os necessários limites ao seu crescimento e expansão descontrolada. Haja pulso político! Haja coragem para não ceder a lóbis económicos!

Importa redefinir um plano de gestão racional do sector florestal, que reúna a propriedade e responsabilidade públicas, e privadas, por forma a melhorar as práticas florestais nestas plantações, definindo como e onde se pode continuar a plantar o eucalipto, reduzindo-se a área ocupada e limitando ao máximo o conflito decorrente deste tipo de plantação. É que o maior problema está no planeamento técnico e político da sua plantação, e da sua delimitação máxima ocupacional, assim como do planeamento da reflorestação e da silvopastorícia.

É necessário travar a expansão do eucalipto no país, e na Região, e combater a liberalização da sua plantação indiscriminada, através de um novo regime jurídico!

É que os focos de floresta ardidos entre nós, têm reincidido precisamente nas grandes áreas de eucaliptais!

É que se não se substituir gradualmente a atual floresta será ainda mais difícil reverter a ciclicidade de incêndios que têm assolado o nosso país que tem na sua floresta uma especial mais-valia para o seu desenvolvimento, aos mais diversos níveis.

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