[weglot_switcher]

Deutsche Bank contratado pelo Novo Banco para vender banco em Espanha, mas antes contratou os gestores do private

O Novo Banco contratou o Deutsche Bank Espanha para o assessorar na venda da sucursal em Espanha, um processo que ainda está a dar os primeiros passo. Mas a subsidiária do banco alemão em Espanha contratou os melhores quadros da área de private do Novo Banco em Espanha. O assunto é delicado e deverá levar o Deutsche Bank a ter que dar explicações ao Novo Banco.
11 Junho 2020, 15h29

Parece bizarro, mas aconteceu. O Deutsche Bank foi contratado pelo Novo Banco para o assessorar na venda da operação (ou parte dela) do Novo Banco em Espanha, mas o banco alemão acabou de contratar os altos quadros do private banking do ex-BES Espanha.

O assunto é tratado pelo “El Confidencial“, e o Jornal Económico sabe que de facto Garikoitz Olabera, Fernando Coscollar e Eva María Quintero, três pesos pesados da gestão de fortunas do Novo Banco Espanha, foram entretanto contratados pelo Deutsche Bank, que por acaso foi contratado pelo Novo Banco para assessor financeira da alienação da operação em Espanha.

O assunto é delicado e deverá levar o Deutsche Bank a ter que dar explicações ao Novo Banco.

O “El Confidential” noticia que a subsidiária bancária alemã incorpora três pesos pesados ​​do grupo português, Garikoitz Olabera, Fernando Coscollar e Eva María Quintero, com vista a arrastar parte da equipe e dos clientes VIP do Novo Banco em Espanha, cujo património sob gestão totalizava, antes da crise do coronavírus, pouco mais de 2.000 milhões de euros.

Segundo o jornal espanhol, o Deutsche Bank terá analisado se havia conflito de interesses e terá concluído que há chinese walls entre quem contrata a equipa do private banking e quem tem a área de M&A. Mas com muros chineses ou não, o que é certo é que o banco, que vai procurar um comprador para o Novo Banco Espanha, entretanto contratou os gestores que gerem as carteiras dos maiores clientes, o que eleva o risco de o Novo Banco Espanha perder esses clientes que costumam seguir os seus gestores de fortunas.

Não foi possível saber se o Novo Banco vai rescindir ou não o contrato com o Deutsche Bank.

Ainda segundo o El Confidencial, Olabera, Coscollar e Quintero são três das contratações novinhas em folha, embora a negociação tenha começado antes do lançamento do processo de venda.

Os reforços servem para o Deutsche Bank Espanha reforçar a equipa liderada por Borja Martos, contratado em 2018 ao Credit Suisse, após o banco alemão em Espanha ter visto voarem 15 banqueiros para o rival Indosuez, a marca de private banking do Crédit Agrícole na Espanha. Esses banqueiros, liderados por Antonio Losada, receberam mais de mil milhões de euros do Deutsche Bank. Naquela altura, a tensão no grupo alemão após uma multa histórica de 7.000 milhões nos Estados Unidos pela sua responsabilidade na crise do “subprime” fez com que, em sua sede em Frankfurt, equacionasse e venda da subsidiária espanhola.

Esse movimento dos gestores do private banking, desencadeou uma onda de contratações no mercado.

O “El Confidencial” diz que o negócio de private banking representa cerca de um quinto da receita do Novo Banco. A maior parte do negócio do Novo Banco em Espanha consiste em créditos a empresas. A sucursal do Novo Banco reduziu sua força de trabalho em 2019 em 20%. Em 2019, segundo dados da Associação Espanhola de Bancos (AEB), gerou receita de juros de 33,1 milhões e comissões de 15,2 milhões. O resultado das operações financeiras (ROF) foi de 524 mil euros.

A sucursal espanhola do Novo Banco, que o banco liderado por António Ramalho colocou à venda, terá já dois interessados. Tratam-se do Abanca, banco galego, e do grupo Andbank, segundo avança o site espanhol “Invertia”.

Mas segundo apurou o Jornal Económico há outros interessados que já contactaram a entidade vendedora. No entanto o banco liderado por António Ramalho ainda não decidiu se vende a sucursal ou só ativos. Sendo que private banking seria a área que estaria no topo da lista para vender, ao contrario da banca de empresas que dá apoio às empresas com investimentos a nível ibérico.

O Novo Banco em Espanha tem uma divisão de clientes institucionais (municípios, etc); tem a área de private banking (que no antigo BES era liderada por José Manuel Espírito Santo), tem uma área de corporate e tem gestão de ativos.

O Jornal Económico já noticiou que a área de corporate, na medida em que dá suporte a empresas portuguesas em Espanha e vice-versa deverá manter-se. O Novo Banco quer manter uma sucursal em Madrid para continuar a apoiar as empresas.

 

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.