O Deutsche Bank vai criar um ‘banco mau’ com ativos no valor de 74 mil milhões de euros e que têm uma exposição no balanço que ascende a 288 mil milhões de euros.
A criação desta espécie de ‘banco mau’, denominado de Capital Release Unit já era esperada, mas foi agora confirmada pelo Deutsche Bank, cujo ‘board’ se reuniu este domingo, 7 de julho, para decidir sobre o plano de reestruturação do maior banco privado alemão, que foi aprovado há minutos.
Numa nota publicada na página oficial da internet do banco alemão, a administração do Deutsche anunciou uma série de medidas estruturais e operacionais que vão marcar as operações e a estrutura futura do banco sediado em Frankfurt, com objetivos traçados até 2022.
À cabeça surge um plano de reestruturação de custos, um programa pensado para “reduzir os custos em 17 mil milhões de euros em 2022 e alcançar um rácio cost-to-income de 70% nesse mesmo ano”.
Para alcançar estas metas, a gestão do Deutsche, liderado por Christian Sewing, decidiu financiar esta transformação operacional com os recursos atuais “sem requerer mais capital”. Isto é, a administração do Deutsche não prevê que seja necessário proceder a um aumento de capital até 2022.
“Isto representa a atual solidez do capital, assim como a confiança da equipa de gestão na alta qualidade e baixo risco dos ativos do banco, os quais vai abandonar”, referiu o banco.
O Deutsche estima que os custos do programa de reestruturação ascendam a três mil milhões de euros no segundo trimestre de 2019, o que terá im impacto de 200 milhões de euros no rácio Common Equity Tier 1 (CET1). No agregado, “o Deutsche Bank espera que os custos ascendam a 7,4 mil milhões no final de 2022”.
Consequentemente, o banco decidiu não distribuir dividendos relativos aos exercícios de 2019 e de 2020.
Noutra nota publicada na página da internet, o Deutsche Bank anunciou que o plano de reestruturação vai obrigar a uma redução de aproximadamente 18 mil postos de trabalho para um total de cerca de 74 mil trabalhadores no final de 2022.
“O ‘board’ acredita que o novo ‘mix’ de negócios é consistente com um menor requisito de capital. Depois de consultar os reguladores, o banco pretende operar a partir de agora com um rácio CET1 de no mínimo 12,5%”.
O banco anunciou ainda a saída do segmento Global Equities e uma “significativa redução” dos ativos da banca de investimento e empresas.
Além disso, o Deutsche Bank também vai abandonar os segmentos Equities Sales & Trading, mas vai manter-se a operar nos mercados de capitais.
Assim, a nova estratégia delineada por Christian Sewing significa que o Deutsche abandonou, por ora, as ambições globais, ao querer competir à escala global com os maiores bancos norte-americanos, designadamente o Goldman Sachs.
No agregado, o banco vai reduzir a exposição dos seus ativos alocados nestes segmentos em cerca de 40%. Em 2018, estes ativos ascendiam a 74 mil milhões de euros e tinham uma exposição de 288 mil milhões.
Outra medida decidida pelo ‘board’ prende-se com a criação de uma nova divisão, denominada de Capital Release Unit, que dará cumprimento aos objetivos definidos pelo banco, nomeadamente acompanhar a redução ou o abandono das áreas de negócio mencionadas. Por outras palavras, o Deutsche Bank vai ‘transferir’ do seu balanço para a Capital Release Unit 74 mil milhões de euros em ativos – o ‘banco mau’.
“Estas medidas estão pensadas para que o Deutsche Bank se possa focar ou investir nos seus segmentos core, como banca de empresas, financiamento, mercado cambial, investimento estrangeiro, banca de retalho e gestão de ativos”, explicou o banco.
O Deutsche Bank divulgou ainda os resultados preliminares relativos ao segundo trimestre do ano, esperando perdas líquidas no valor de 2,8 mil milhões de euros, devido aos custos de estruturação anunciados. Sem estes, o Deutsche referiu que os lucros líquidos no segundo trimestre ascenderiam a 120 milhões de euros. Os resultados relativos ao segundo trimestre de 2019 deverão ser anunciados no dia 24 de julho.
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