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Deutsche Bank multado em mais de 130 milhões de euros após Epstein usar contas do banco para silenciar vítimas

De acordo com o “The New York Times”, o Deutsche Bank não fez “muitas perguntas” a Epstein para o ter como cliente. Nem mesmo quando foi observada a retirada de 100 mil dólares (88,6 mil euros) das contas do falecido multimilionário para “gorjetas e despesas domésticas”.
7 Julho 2020, 16h21

O banco alemão Deutsche Bank foi multado em 150 milhões de dólares (cerca de 133 milhões de euros) pelo Departamento de Serviços Financeiros de Nova Iorque, por violar regras de combate à lavagem de dinheiro. Em causa estão movimentações de verbas elevadas nas contas do falecido milionário Jeffrey Epstein, que terão servido para pagar pelo silêncio das alegadas vítimas, bem como corromper alegados cúmplices e advogados, avança o “The New York Times” esta terça-feira. Epstein morreu na prisão em agosto de 2019 enquanto aguardava julgamento por tráfico sexual de menores.

A multa de que o gigante da banca alemã foi alvo resulta de um acordo com os reguladores do mercado. Embora o banco tenha classificado Epstein como cliente de “alto risco”, desde que se tornou cliente do Deutsche Bank no verão de 2013, a superintendente do Departamento de Serviços Financeiros de Nova Iorque, Linda A. Lacewell, considera que o banco não controlou movimentações suspeitas de Epstein.

“Apesar de conhecer o péssimo histórico criminal de Epstein, o banco falhou em detetar e impedir transações suspeitas de milhões de dólares  suspeitas”, afirmou a superintendente, citada pelo “The New York Times”.

A regulação nova-iorquina considerou, por isso, que o Deutsche Bank tinha conhecimento do histórico de Epstein e das suspeitas criminais que recaiam sobre o multimilionário e, mesmo assim, permitiu “falhas graves de conformidade”.

De acordo com o jornal norte-americano, o Deutsche Bank não fez “muitas perguntas” a Epstein para o ter como cliente. Nem mesmo quando foi observada a retirada de 100 mil dólares (88,6 mil euros) das contas do falecido multimilionário para “gorjetas e despesas domésticas”.

Entretanto, também o governador do Estado de Nova Iorque, Andrew Cuomo, já reagiu em comunicado: “Durante anos, o comportamento criminoso e abusivo de Epstein era amplamente conhecido, mas as grandes instituições continuaram a desculpá-lo e a dar-lhe credibilidade ou serviços para obter ganhos financeiros”.

“A integração [de Jeffrey Epstein] como cliente em 2013 foi um erro grave que e nunca deveria ter acontecido”, disse  o presidente executivo do Deutsche Bank, Christian Sewing, aos trabalhadores do banco num memorando interno, após o anúncio da multa, citado pela Reuters. “Temos todos de garantir que este tipo de erro não volta a acontecer”, acrescentou Sewing.

Jeffrey Epstein, um conhecido gestor de ativos da alta finança norte-americana, foi preso no dia 6 de julho de 2019, tendo sido formalmente acusado pelas autoridade federais de tráfico sexual de menores, nos Estados da Flórida e de Nova Iorque. Pelo menos desde 2005 que Epstein era investigado pela polícia norte-americana, tendo sido três anos depois considerado culpado do crime de ter relações sexuais com uma jovem menor de idade através de prostituição – acabou por cumprir apenas treze meses de prisão em regime semi-aberto.

No verão de 2019 foi novamente apanhado pela Justiça dos EUA e acabou por ser acusado de tráfico sexual de menores, suspeitando-se que Epstein geria uma rede de angariação de raparigas menores, sobretudo entre os 13 e os 16 anos, para serem abusadas sexualmente por si nas mansões que detinha em Nova Iorque e em Palm Beach, na Florida.

Jeffrey Epstein, que foi próximo de figuras como Donald Trump ou Bill Clinton e do príncipe André de Inglaterra, acabou por se suicidar em agosto de 2019, na prisão, enquanto aguardava julgamento, aos 66 anos de idade. No dia da sua morte, tinham sido revelados centenas de documentos legais com detalhes sobre as acusações de tráfico sexual de menores de que Epstein era alvo desde 2005.

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