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“Devia desaparecer de vez”. Ricciardi ataca Mariana Mortágua e deputada já reagiu

Nas redes sociais, Mariana Mortágua respondeu ao banqueiro José Maria Ricciardi com os elementos da acusação que o implicam no recebimento de centenas de milhares de euros de uma offshore do GES, omitindo-os quer aos acionistas quer à supervisão. Polémica surge depois de deputada bloquista ter questionado a inocência e idoneidade do primo de Ricardo Salgado no processo do Caso BES/GES que ilibou Ricciardi.
17 Julho 2020, 15h17

“Essa senhora devia ter vergonha e devia era desaparecer de vez”. O comentário é do antigo presidente do Banco Espírito Santo de Investimento (BESI) e vice-presidente do BES, José Maria Ricciardi, sobre Mariana Mortágua, depois de a deputada bloquista ter esta semana questionado a inocência e idoneidade do primo de Ricardo Salgado no processo do caso BES/GES que levou o Ministério Público a acusar 25 pessoas, entre as quais Salgado, e que já levou Ricciardi a afirmar que esperava este resultado” no processo judicial em torno do BES, assumindo que não imaginava que “a situação fosse tão má”.

Entrevistado pela SIC Notícias na madrugada desta sexta-feira, 17 de julho, sobre o caso BES, o banqueiro atacou a deputada do BE e às suas denúncias que, após ter sido tornada pública a acusação do caso BES, que ilibou Ricciardi, questionou a inocência e idoneidade do primo de Ricardo Salgado no processo BES/GES. A deputada do Bloco de Esquerda reiterou ainda, nesta quinta-feira, na TVI24, que uma pessoa com o antigo cargo de Ricciardi (vice-presidente do BES), facilmente, poderia ter tido acesso às irregularidades que ocorriam banco, se assim o desejasse.

“Essa senhora devia ter vergonha e devia era desaparecer de vez”, afirmou Ricciardi depois de Mariana Mortágua ter reiterado que uma pessoa com o antigo cargo de Ricciardi, facilmente, poderia ter tido acesso às irregularidades que ocorriam banco, se assim o desejasse.

“Uma pessoa naquela posição só não sabe porque não quer”, garantiu a deputada à TVI 24, acrescentando que o ex-administrador do BES nunca foi implicado no processo e é considerado inocente, mas que o ex-banqueiro “recebeu todo o seu dinheiro, através da ESI (Espírito Santo Internacional), e que fez as transferências através de um veículo, nas Ilhas Virgens Britânicas”.

Após estas declarações. Ricciardi reagiu na madrugada desta sexta-feira, 17 de julho. A jornalista da SIC perguntou a José Maria Ricciardi, ex-presidente do Banco Espírito Santo de Investimento (BESI): “Não acha que as pessoas podem estranhar o facto de ter estado no centro da decisão, ser membro da família, ter acento no Conselho Superior do GES e não ter sido responsabilizado por nenhuma das situações, agora imputadas a Ricardo Salgado e dois primos?”. Em resposta, Ricciadi diz que não acha estranho e justificou dizendo que “este tipo de crimes são cometidos de uma forma sofisticada e no exterior”.

O ex-presidente do BESI realçou que as entidades que têm capacidade de investigação demoraram seis anos a investigar e passou a um ataque à deputada bloquista, a quem apelidou de “a nova dona disto tudo”, classificando as palavras da deputada do Bloco de Esquerda como “acusações chocantes e gratuitas”

“Alinha pelas mesmas teses do dr. Ricardo Salgado e aproveita as facilidades da comunicação social para proferir um chorrilho de disparates”, disse Ricciardi, apontando para um alegado aproveitamento de Mariana Mortágua do papel de destaque que conquistou entre a comunicação social.

“É altura de as pessoas perceberem a importância excessiva que se dá a esta figura [Mariana Mortágua] que melhor faria se se reduzisse de vez ao silêncio”, disse o ex-vice-presidente do BES.

José Maria Ricciardi acusou também a deputada de colocar em causa o trabalho do Ministério Público e disse que não admite “este tipo de acusações gratuitas”, considerando que Mortágua ”acha-se a nova dona disto tudo”.

Mortágua reage nas redes sociais com elementos da acusação

Nas redes sociais, Mariana Mortágua respondeu ao banqueiro José Maria Ricciardi com os elementos da acusação que o implicam no recebimento de centenas de milhares de euros de uma offshore do GES, omitindo-os quer aos acionistas quer à supervisão.

Na sua página do Facebook, a deputada do BE começa por escrever que “a ESPÍRITO SANTO INTERNATIONAL (BVI), SA foi constituída em 18.11.93, nas Ilhas Virgens Britânicas (BVI), com o n.º 100633 e sede em Tortola, BVI, nos escritórios da TRIDENT TRUST COMPANY (BVI) LIMITED.”

E prossegue: “teve como agente, para receção de documentos e tratamento administrativo, a sociedade de advogados do Panamá, MOSSACK FONSECA & CO”, acrescentando que “no dia 25.10.2012, José Castella enviou correio eletrónico a Marianne Treboux com a indicação das transferências a realizar pela ESI BVI, no valor de 1.075.000€: 125.000€ para José Maria Ricciardi.

Nesta rede social, Mariana Mortágua recupera ainda outros elementos da acusação: “no dia 13.08.2013, José Castella enviou correio eletrónico a Marianne Treboux com as coordenadas bancárias das contas de destino de transferências da ESI BVI: José Maria Ricciardi: 112.500€, por “stake”2012.”.  E que “entre 31.10.2012 e até junho de 2014, José Maria Ricciardi, também nomeado membro do CS do GES, no dia 21.06.2011, recebeu 237.500€ da ESI BVI, por conta dos valores alocados pelo CS ao ramo Ricciardi.”

Fazendo copy-past da acusação, a deputada bloquista acrescenta: “RICARDO SALGADO, JOSÉ MANUEL ESPÍRITO SANTO, MANUEL FERNANDO ESPÍRITO SANTO e José Maria Ricciardi omitiram a existência destes pagamentos aos órgãos de governo interno do BES como COMISSÃO DE VENCIMENTOS, COMISSÃO CONSULTIVA DE REMUNERAÇÕES, COMISSÃO DE AUDITORIA, CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO, compliance, bem como a auditores externos e à supervisão.”

E faz referência a outro elemento do despacho de acusação do MP, destacando que “apesar de terem conhecimento de que tal lhes era imposto pelas normas legais e regulamentares a que foi feita referência supra”.

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