O momento em que o Banco Central Europeu (BCE) vai subir os juros está cada vez mais próximo, pondo fim a uma era de taxas muito baixas ou mesmo negativas. E quem tem crédito da casa com taxa variável começa a ponderar se deverá mudar para taxa fixa, de maneira a proteger-se das subidas que o mercado acredita estarem para breve. Deve considerar esta mudança?
Nos últimos anos tem compensado ter um crédito à habitação com taxa variável naquele que tem sido um cenário de juros muito baixos. Mas, perante uma subida dos juros, a hipoteca que as famílias pagam todos os meses ao banco também vai subir – à exceção de quem tem taxa fixa. E esta subida é já dada como certa.
O cenário de subida de juros pelo BCE ganhou força depois de a Reserva Federal dos EUA ter subido as taxas pela primeira vez em três anos. Este foi o primeiro aumento entre os sete que são esperados para este ano. Já na última reunião do banco liderado por Christine Lagarde – quando decidiu manter os juros, mas acelerar a redução de estímulos à economia – os investidores ficaram convencidos de que vai mesmo haver um aumento da taxa de juro até ao final do ano.
“Creio que a subida dos juros será moderada e, em certo sentido, é positivo que os juros subam para que a política monetária ganhe alguma normalidade e tenha mais espaço de intervenção futura”, afirma ao Jornal Económico Filipe Garcia, economista da IMF – Informação de Mercados Financeiros. Mas isto terá impacto nas famílias, nomeadamente naquelas que “estão endividadas, seja no crédito à habitação seja em recurso corrente ao crédito pessoal, e que têm hoje pouca folga para acomodar subidas nos juros”, salienta.
Para se proteger de um aumento das taxas de juro, pode sempre considerar fixar a taxa do crédito da casa. Mas esta é uma “decisão complicada”, diz o economista, notando que, “por um lado, não espero subidas muito pronunciadas da Euribor e não esqueço dois detalhes importantes relativamente à taxa fixa: a penalização por amortização antecipada é quatro vezes maior e a taxa de juro é mais alta precisamente quando o capital em dívida é maior”. Com uma taxa fixa, a penalização por amortização antecipada do crédito é de 2% do capital em dívida, contra 0,5% na variável.
Por outro lado, é preciso ter em atenção que, “a todo o momento, se pode mudar de variável para fixa, mas o inverso não é verdade. A vantagem da taxa fixa é a previsibilidade, mas reitero que, como a maioria dos empréstimos não chega ao fim, a penalização por amortização antecipada tem de ser tida em conta”, salienta Filipe Garcia.
Já para quem ainda não comprou casa mas está a pensar fazê-lo, o economista da IMF diz que é preciso “comparar as duas alternativas que os bancos lhes colocam”, em termos de taxa variável e taxa fixa. “Já vi propostas em que a resposta é óbvia para um dos lados ou para o outro dado. Às vezes pensa-se que as propostas são financeiramente equivalentes no momento da sua criação, face às condições de mercado, mas nem sempre isso acontece”, alerta.
Depende também da “folga” que a família tiver em termos de rendimento “porque, como já referi, pode sempre passar para fixa mais tarde, estará a pagar a taxa mais alta quando o capital é maior e terá sempre um obstáculo a amortizações antecipadas. Mas a taxa fixa pode ser a mais adequada em algumas situações”.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com