[weglot_switcher]

DHL vai investir 40 milhões de euros em terminal de carga

O grande investimento previsto pela DHL Express para Portugal nos próximos anos destina-se ao aeroporto Humberto Delgado. Oito milhões de euros serão aplicados em tecnologia de vanguarda.
2 Junho 2019, 13h00

Um dos maiores grupos mundiais do setor da logística, a DHL Express, marca presença no mercado nacional há quase 40 anos. Em entrevista ao Jornal Económico, José António Reis, diretor geral da DHL_Express Portugal, garante que a empresa continua a considerar Portugal como um mercado estratégico e assume que a empresa tem um compromisso para investir 40 milhões de euros num terminal de carga expresso no aeroporto Humberto Delgado.

Que investimento o grupo DHL tem efetuado no setor da tecnologia e da disrupção digital nos últimos anos e quais as previsões de investimento para os próximos anos?

O Grupo Deutsche Post DHL tem apostado fortemente na inovação tecnológica, enquanto líder internacional em transportes e logística. Nos últimos anos, realizámos investimentos significativos nas áreas de robótica, realidade aumentada, automatização de processos, com base em investigações e implementação de projetos-piloto, desenvolvidos por equipas de inovação inhouse e parcerias que a DHL mantém com fornecedores externos.

A acompanhar esta aposta, e tendo conhecimento que a tecnologia assume uma importância vital nas operações, a DHL Express tem desenvolvido constantemente soluções inovadoras no setor da logística com o objetivo de garantir maior transparência e otimização dos processos e contribuir ativamente para o sucesso dos nossos clientes.

No mercado de entregas de e-commerce, mais de 90% dos consumidores analisam as opções de entrega disponíveis antes de efetuarem o checkout e a sua decisão é influenciada pela velocidade de entrega, flexibilidade e facilidade. Assim, acreditamos que a tecnologia deve ser aplicada às necessidades dos negócios dos nossos clientes e, por se tratar de uma área tão dinâmica, estamos constantemente a adaptar as ferramentas e sistemas de acordo com as especificidades do mercado.

A título de exemplo, atualizámos recentemente o On Demand Delivery (ODD), a nossa solução de gestão de envios pelos próprios destinatários de encomendas, no sentido de melhorar a sua experiência de compra online. O ODD oferece seis opções de entregas padronizadas, permitindo aos clientes receber notificações, por correio eletrónico ou mensagem de texto, sobre o progresso da entrega de encomendas. A nova versão do ODD inclui o ‘Registo de Destinatário”, que permite ao cliente que recebe a encomenda registar-se na plataforma e definir as suas preferências de entrega, aplicadas automaticamente às suas entregas futuras.

Outro projeto que anunciámos recentemente é a parceria entre a DHL Express e a EHang, líder mundial de veículos aéreos inteligentes, para o lançamento de uma solução de entrega de drones, totalmente automatizada e inteligente, face aos desafios das entregas last mile nas áreas urbanas da China. É, de facto, um orgulho sermos a primeira empresa de transporte expresso internacional a disponibilizar este serviço na China, um mercado que recebe, cada vez mais, PME e startups com novas necessidades logísticas. Temos, assim, mais oportunidades para implementar soluções inovadoras como esta que impulsionem o crescimento dos negócios com maior eficiência, sustentabilidade e menor custo.

Em termos de investimento, para além de todas as atualizações de equipamentos e softwares necessários à gestão diária do negócio da DHL Express Portugal, temos prevista a construção de um terminal de carga expresso DHL no aeroporto de Lisboa, onde no compromisso total de 40 milhões de euros, está incluído o investimento de oito milhões de euros em tecnologia inovadora e de vanguarda.

Que resultados, que retorno tem a DHL Express obtido a partir desse investimento?

Na DHL Express, estamos conscientes que tanto a experiência na utilização das plataformas digitais como o feedback dos consumidores são fundamentais para a melhoria dos processos e a qualidade do serviço que prestamos aos nossos clientes. Estamos em Portugal há 37 anos, o que nos permite ter um vasto conhecimento local e, ao mesmo tempo, estamos inseridos numa estrutura global, presentes em mais de 220 países e territórios, o que nos permite obter informação crucial sobre todos estesmercados. Por isso, o retorno manifesta-se no mercado nacional e internacional.

Temos investido de forma contínua no mercado português, no desenvolvimento e especialização técnica dos nossos membros e na implementação de tecnologias inovadoras e emergentes, bem como equipamentos e infraestruturas que acompanhem os hábitos e preferências dos consumidores. Nos últimos três anos, registámos um crescimento anual sólido do nosso volume de negócios, na ordem dos dois dígitos percentuais, devido em grande parte à recuperação sustentável da economia nacional. A atividade da DHL Express é um reflexo direto da economia do país, já que somos um parceiro essencial nas transações de documentos e encomendas urgentes entre países, tanto na importação como na exportação.

Por outro lado, o conhecimento internacional que temos é, sem dúvida, uma grande vantagem para as empresas exportadoras nacionais que trabalham connosco, que beneficiam não apenas da nossa rede – que faz chegar os seus produtos a qualquer parte do mundo –, como também do nosso know how sobre as características dos mercados para os quais exportam.

De que forma é que esse investimento da DHL Express se reflete nas cadeiasde grandes superfícies da distribuição moderna?

A evolução tecnológica trouxe-nos avanços muito positivos, mas, também, novos desafios. Os clientes são cada vez mais exigentes na velocidade dos prazos de entrega e, por outro lado, a crescente procura exige às empresas a adaptação dos seus serviços e infraestruturas, num mercado em constante transformação. Neste sentido, a DHL Express surge como um parceiro estratégico que disponibiliza um serviço integrado, para que os clientes possam concentrar-se no seu core business e competir de forma vantajosa, num mercado cada vez mais global, com modelos de negócio distintos.

De que forma é que esse investimento se reflete no consumidor final?

O aumento da população nos centros urbanos tem tornado a gestão das entregas last mile mais complexas para as empresas de e-Commerce, que têm que apostar em estratégias para competir de forma eficaz e fazerem uma boa gestão dos seus stocks. A DHL está a desenvolver soluções focadas para ajudar estas empresas a chegarem aos seus clientes finais, com rapidez e eficiência, desde a aprendizagem automática para melhorar o envio de encomendas dentro das cidades, até ao aumento da automatização nas nossas redes de distribuição.

Além disso, a DHL Express garante que os eShoppers recebam os seus envios com a máxima rapidez e eficiência, já que conhecemos os mercados, a legislação aplicável e os trâmites aduaneiros, o que nos permite agir como facilitadores do comércio internacional. Queremos, assim, continuar a ser o parceiro de excelência dos nossos clientes nas soluções de transporte expresso internacional de encomendas e documentos, a fim de lhes proporcionar a melhor experiência e serviço.

É possível dar exemplos práticos de como esse investimento da DHLExpress na área digital está a mudar a vida de fornecedores, distribuidores e consumidores?

Os nossos fornecedores são levados a desenvolver soluções tecnológicas que respondam às nossas necessidades e, assim, conseguem muitas vezes disponibilizar no mercado soluções impulsionadas pela nossa procura. Ao mesmo tempo, também os nossos clientes, tanto expedidores, como destinatários, esperam que a DHL Express, enquanto líder de mercado, tome também a dianteira em termos tecnológicos. Isso reflete-se diretamente nas integrações tecnológicas que conseguimos fazer com os sistemas dos nossos clientes, nos sistemas de gestão de entregas pelos destinatários (ODD), entre outras.

Sendo uma multinacional, quais são os fatores distintivos deste setor e da sua evolução recente no mercado nacional em comparação com outros países em que a DHL opera?

O setor de transportes e logística tem evoluído bastante, fruto das inovações tecnológicas no mercado, nomeadamente na área do e-commerce. As colaborações entre lojas físicas e online, enquadradas na reformulação dos modelos de negócio, a par da conveniência, proximidade e segurança nas transações são alguns exemplos das grandes tendências atuais enfrentadas pelos players nacionais do setor. Em Portugal, o e-commerce tem crescido dois dígitos por ano e, nos restantes países europeus, esta tendência é ainda maior. O e-commerce tem sido a principal fronte de crescimento do negócio expresso e, na DHL Express, representa já mais de 30% do volume da atividade.

Paralelamente, o mercado europeu está em permanente transformação e a tecnologia tem possibilitado o aumento da eficiência dos processos e melhoria da qualidade dos serviços. O setor de encomendas já se encontra liberalizado há algum tempo, com os vários operadores e integradores nacionais e internacionais a competirem entre si, à escala mundial.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.