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Dia de Ação de Graças mobiliza um milhão nos EUA. Risco de contágio preocupa autoridades

Só nas últimas duas semanas, dois milhões de novos casos de Covid-19 foram registados nos Estados Unidos e, caso se confirmarem os receios dos epidemiologistas sobre o impacto do Dia de Ação de Graças, o mês de dezembro e o natal podem-se tornar palco para uma nova onda de infeções.
26 Novembro 2020, 16h46

As celebrações do dia de Ação de Graças estão a lotar os aeroportos nos Estados Unidos registassem um novo aumento da atividade desde a primavera, com dados recolhidos pela empresa de estatísticas Dynata, a pedido do “New York Times” (NYT), a registarem mais de um milhão de passageiros a circular nos aeroportos do país só no passado fim de semana.

Embora este aumento de atividade possa indicar que os norte-americanos não vão acatar as medidas recomendadas pelas autoridades de saúde — nomeadamente, evitar aglomerações entre agregados familiares e deslocações desnecessárias —, o mesmo estudo citado pelo “NYT” informa que apenas 27% dos inquiridos tem intenções de viajar para ir ao encontro de pessoas com quem não vive. Este número não foge muito aos resultados obtidos em outros inquéritos conduzidos por diferentes organizações, como por exemplo, a YouGov, a Covid States Projets e os investigadores da Universidade de Ohio, que concluíram que menos de um terço dos americanos prevê celebrar o dia de Ação de Graças em família ou em grupo.

E se entre mais de 15 mil inquiridos apenas 27% partilha intenções de celebrar o feriado com outras pessoas, entre os 635 epidemiologistas e especialistas questionados, essa percentagem cai para 21%.

Esta margem reduzida de pessoas que tem intenções de contrariar as recomendações dos especialistas, e até do presidente-eleito Joe Biden, indica que esta nova abordagem face à pandemia por parte da administração do democrata, que se prepara para assumir funções em janeiro de 2021, começa a ter resultados sobre a população norte-americana.

Esta quarta-feira, enquanto discursava aos norte-americanos, Biden relembrou que a pandemia da Covid-19 já custou a vida a mais de 260 mil americanos. Por isso, pediu aos seus compatriotas que ficassem em casa, referindo, como exemplo, que a própria família irá celebrar o feriado separada.

“Nós vamos celebrar este Dia de Ação de Graças separados. A Jill [a sua esposa] e eu vamos passá-lo em nossa casa em Delaware com nossa filha e nosso genro. O resto da família fará o mesmo em pequenos grupos ”, frisou.

As autoridades de saúde públicas estão preocupadas que as comemorações do Dia de Ação de Graças possam potencializar uma nova onda de novos casos confirmados, numa altura em que o país regista números recorde de casos confirmados e as enfermarias e unidades de cuidados intensivos tentam resistir às pressões. As celebrações tradicionais do feriado, com longas refeições em ambientes fechados, podem contribuir para mais casos da doença, que se espalha principalmente através de gotículas que podem permanecer ativas em espaços internos sem ventilação.

Só nas últimas duas semanas, dois milhões de novos casos de Covid-19 foram registados nos Estados Unidos e, se se confirmarem os receios dos epidemiologistas sobre o impacto do Dia de Ação de Graças, o mês de dezembro e o natal podem-se tornar num período ainda mais negro, com 311 mil mortes antes do final do ano, segundo as projeções mais otimistas do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME, em inglês).

Os Estados Unidos são o país do mundo mais afetado pela pandemia, com mais de 12,6 milhões de casos de covid-19 registados desde março, de acordo com a contagem da Universidade Johns Hopkins.

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