[weglot_switcher]

Dia internacional da gaguez: “Vou passar o dia a gaguejar em modo comemoração”, diz Joacine Katar Moreira

A deputada eleita pelo Livre colocou a gaguez na ordem do dia em Portugal. O seu partido vai pedir ao Parlamento para conceder tolerância de tempo à deputada, invocando um “tratamento igualitário e igualdade de oportunidades” para expor as suas ideias.
22 Outubro 2019, 16h15

O dia 22 de outubro marca o dia internacional da gaguez. Esta perturbação da fluência da fala tem estado nas notícias recentemente devido à gaguez de Joacine Katar Moreira, recentemente eleita para a Assembleia da República, que foi para as redes sociais assinalar a efeméride.

“Hoje é o dia Internacional da gaguez”, escreveu a deputada do Livre no Twitter. “Aproveitem o dia para ouvir terapeutas de fala falar sobre o seu trabalho e sobre aquilo que dominam. Aprendam a escutar e a empatizar. Eu fiz umas tranças longuíssimas e pesadas e vou passar o dia a gaguejar em modo comemoração”, escreveu Joacine Katar Moreira.

Depois de ter sido acusada de não ter uma perturbação da fala, a deputada do Livre acusou de estar a ser atacada sem qualquer razão. “Daqui a nada a gaguez deixa de ser o elemento central e começará a tentativa de esvaziamento intelectual e depois será a procura de falhas e contradições”, escreveu no Twitter a 10 de outubro.

https://twitter.com/KatarMoreira/status/1186603606058950656

No início de outubro, a Sociedade Portuguesa de Terapia da Fala (SPTF) elogiou a postura pública de Joacine Katar Moreira, mostrando como é possível viver com a gaguez. “Nas últimas semanas, a gaguez ganhou uma rara exposição pública e mediática. Joacine Katar-Moreira surgiu aos microfones de rádios e em debates televisivos, como muito raramente uma pessoa que gagueja ousa fazer em Portugal”, escreveu a SPTF no Facebook.

“Entrevistadores e candidatos – dos mais distintos quadrantes políticos – concentraram-se nas suas ideias e não na forma como as transmitia. Souberam não interromper, nem completar palavras ou frases, demonstrando uma saudável cultura cívica”, segundo a SPTF.

De forma a não ser prejudicada pela gaguez, o partido de Joacine Katar Moreira disse que iria pedir ao próximo presidente da Assembleia da República uma “tolerância de tempo” quando a deputada eleita intervir no Parlamento.

Paulo Muacho, da direção do partido, explicou que “para haver um tratamento igualitário e igualdade de oportunidades, tem de haver uma tolerância de tempo e tem de ser atribuído o tempo para que a deputada possa expor as suas ideias”, sendo que a Assembleia da República deve dar o exemplo para todos.

Mas o que é a gaguez?

A gaguez corresponde a uma perturbação da fluência da falar e, consequentemente, da comunicação. Uma pessoa que tenha esta perturbação tem um pensamento coerente mas o discurso é caracterizado por repetições, prolongamentos, pausas não esperadas ou por bloqueios em que o som da fala é interrompido, afirma a Organização Mundial de Saúde.

Esta é uma condição comum e estima-se que afete mais de 80 milhões de indivíduos em todo o mundo, o que representa cerca de 1% da população mundial. Estima-se que em Portugal a gaguez afete perto de 100 mil pessoas, sendo uma perturbação mais frequente em homens do que mulheres.

A gaguez pode ser devido à genética, tendo sido passada por outra geração familiar, neurológica e psicossocial, estando relacionada com a pressão exercida pela família para ultrapassar a perturbação.

Apesar de não existir cura para esta perturbação da fala, existem formas para a pessoa aprender a viver com ela. Um terapeuta da fala diagnostica o paciente e ajuda a adquirir estratégias para diminuir os fatores que interferem com a fluência do discurso, eliminando o medo de comunicar com outros interlocutores ou em situações sociais.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.