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Dias calmos apesar da subida de taxas

A Fed aumentou os juros de referência, enquanto o BCE indicou querer seguir o mesmo caminho. Itália atrasou o OE, invertendo a tendência na bolsa.
28 Setembro 2018, 08h35

Apesar de estarmos em setembro – tradicionalmente um mês de maior volatilidade – a semana nos mercados foi calma, mesmo que tenha sido marcada pela subida de juros. Nos EUA, a Reserva Federal subiu as taxas em 25 pontos base, de 2% para 2,25%, o valor mais elevado dos últimos 10 anos e na Europa as palavras de Mario Draghi indiciam o mesmo caminho.

Pela primeira vez, em mais de uma década, o banco central dos EUA omitiu, do seu comunicado, a referência à continuação de uma política monetária “acomodatícia” ou expansionista. Esta é a principal mensagem a reter da reunião da Fed. Em boa verdade, o que Jerome Powell quis transmitir foi o fim do crédito barato e uma nova subida das taxas de juro (contra o pretendido por Donald Trump, na próxima revisão de taxas, a 19 de dezembro, para um intervalo entre 2,25% e 2,5%. Para 2019, são esperadas três subidas. De salientar também, e isso terá contribuído para esta política mais hawkish (contracionista) por parte da Fed, a melhoria das perspetivas para o PIB dos EUA, que cresce a um ritmo superior a 4% ao ano, o pleno emprego e a inflação significativamente acima dos 2%.

O presidente do Banco Central Europeu (BCE) espera uma subida da inflação na zona euro, mas aquém do objetivo de 2% até 2020. O mercado de dívida reagiu em baixa e a moeda única registou máximos desde meados de junho. Porém, o euro acabaria por perder terreno contra o dólar após a subida dos juros pela Fed.

A guerra comercial continua e o presidente francês, Emmanuel Macron, referiu que não há acordos comerciais com os EUA após Trump ter rejeitado o acordo de Paris sobre alterações climáticas.

O Banco Asiático de Desenvolvimento alertou que as perspetivas de crescimento para a Ásia no próximo ano podem desacelerar substancialmente à medida que a guerra comercial interromper as cadeias de fornecimento das empresas multinacionais, causando danos às economias exportadoras da região. O ciclo de subidas de taxas de juro pela Fed está a encolher rapidamente a liquidez global, o que se tornou uma preocupação significativa para a atividade comercial da Ásia, elevando os custos dos empréstimos, enquanto as saídas de capital também são um risco. Este facto já se tem espelhado na descida dos stocks globais. Mas a guerra comercial é sempre negativa, para todos, globalmente.

A finalizar a semana, a bolsa italiana – que subiu quase 5% em setembro – encetou uma descida, mais uma vez penalizada pela banca, que na manhã de quinta-feira chegou a perder cerca de 3,5%, depois de se saber que a reunião para definir os traços gerais para o orçamento do Estado para 2019 está atrasada devido a “novas complicações” ao nível do défice. O mercado, em especial o setor financeiro, vê este impasse como uma mensagem de incerteza política e, na dúvida, os investidores preferem vender e esperar para ver o que acontece.

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