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Direção do Benfica reúne-se hoje de urgência depois de suspensão de Vieira (com áudio)

A cúpula do clube encarnado vai reunir-se para decidir os “próximos passos” depois de o presidente anunciar a sua suspensão.
9 Julho 2021, 11h43

A direção do Benfica vai se reunir de urgência depois de Luís Filipe Vieira ter anunciado a sua suspensão de todos os cargos no clube. O Tribuna Expresso avança que a cúpula do clube encarnado vai se reunir “nas próximas horas para deliberar os próximos passos”, segundo fonte oficial do Benfica.

Quem faz parte da direção do Sport Lisboa Benfica? Além de Vieira presidente, o clube conta com seis vice-presidentes: Rui Costa, José Eduardo Moniz, João Fernandes, Domingos José Soares, Fernando Tavares e Sílvio Cervan; também existem dois vices suplentes, Jaime Antunes e Rui Passo.

No caso da SAD do Benfica, além de Vieira como presidente, existem quatro vogais: Domingos Soares de Oliveira, Rui Costa, José Eduardo Moniz e Miguel Costa Moreira.

O presidente do Benfica vai suspender funções do clube, anunciou esta sexta-feira, 9 de julho, o seu advogado, Magalhães e Silva, que leu uma nota escrita de Luís Filipe Vieira à comunicação social.

“O Benfica está primeiro. Perante os eventos dos últimos dias da operação cartão vermelho, em que sou diretamente visado, e enquanto o inquérito em curso poder constituir um fator de perturbação suspendo com efeitos imediatos o exercício das minhas funções como presidente do SL Benfica, bem como de todas as participadas do clube. Apelo a todos os benfiquistas para que se mantenham serenos na defesa do bom nome da instituição que é o Sport Lisboa e Benfica”, disse o advogado à porta do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) em Lisboa.

“A partir deste momento, Luis Filipe Vieira suspendeu as suas funções enquanto presidente do SL Benfica. Suspensão não é renúncia”, reforçou o responsável.

Luís Filipe Vieira está hoje no ‘ticão’ para o segundo dia de interrogatório pelo juiz Carlos Alexandre e pelo procurador do Ministério Público Rosário Teixeira.

Também vão ser ouvidos hoje no TCIC, Tiago Vieira, Bruno Macedo e o empresário José António dos Santos (conhecido por ‘rei dos frangos’) foram detidos na quarta-feira e já foram constituído arguidos.

À saída do TCIC na noite de quinta-feira, o advogado de Vieira admitiu a “gravidade teórica” dos indícios, tendo admitido a possibilidade de prisão preventiva.

“A convicção dele é de que está inocente, de que não cometeu nenhum crime”, disse Magalhães e Silva citado pela Lusa.

Em causa estão factos ocorridos, “essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente e suscetíveis de integrarem a prática, entre outros, de crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”, segundo avançou o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) na quarta-feira.

A investigação está a ser dirigida pela Autoridade Tributária (AT) que analisa “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”, de acordo com o DCIAP.

Além do presidente do Benfica, também se encontram detidos o empresário José António dos Santos, conhecido por ‘rei dos frangos’, e o maior acionista privado da SAD benfiquista com 12% do capital, o empresário Bruno Macedo, e o filho do presidente benfiquista, Tiago Vieira, de acordo com a “TVI 24”.

Segundo o jornal “Nascer do Sol”, o presidente do Benfica é também suspeito do crime de abuso de confiança referente a ganhos milionários que obteve na venda de 25% do capital do Benfica SAD a um empresário estrangeiro. Esta investigação teve origem no processo Monte Branco, uma rede suíça de fraude fiscal e de branqueamento de capitais que operava em Portugal e foi desmantelada em 2011.

No âmbito deste inquérito foram cumpridos 45 mandados de busca, abrangendo instalações de sociedades, domicílios, escritórios de advogados e uma instituição bancária, com as buscas a terem lugar em áreas de Lisboa, Torres Vedras e Braga. Nas diligências foram detidas quatro pessoas, dois empresários, um agente desportivo e um dirigente desportivo, segundo o MP.

Na operação participaram 66 Inspetores Tributários, sendo 25 da Direção de Finanças de Braga, 8 da Direção de Finanças do Porto, 26 da Direção de Finanças de Lisboa e 2 da Direção de Serviços de Investigação da Fraude e de Ações Especiais (DSIFAE), para além de 9 elementos do Núcleo de Informática Forense desta Direção. Participaram ainda 4 magistrados do Ministério Público, 3 Juízes de Instrução Criminal e 74 polícias da PSP, 9 dos quais a exercerem funções no DCIAP.

De acordo com a “RTP” e “Observador”, que citam o mandado de detenção do presidente ‘encarnado’, o Ministério Público suspeita que Luís Filipe Vieira terá desviado cerca de 2,5 milhões de euros do Benfica. A investigação liderada pelo procurador Rosário Teixeira sustenta o empresário de futebol Bruno Macedo e o presidente do clube da Luz combinaram que o empresário iria participar sempre nas transferências dos encarnados.

A investigação sustenta que este empresário alegadamente aumentava de forma indevida as comissões referentes à venda de jogadores para depois reverter os valores para empresas do universo de Luís Filipe Vieira. Na mira das autoridades estão as transferências de três jogadores: os paraguaios Derlis Gonzalez e Claudio Correa e o brasileiro César Martins.

O MP sustenta que a partir de várias empresas offshore criadas nos Estados Unidos da América, Emirados Árabes Unidos e Tunísia, controladas direta ou indiretamente por Bruno Macedo, permitiram transferir quase 2,5 milhões de euros para as sociedades do presidente do Benfica, de acordo com a “RTP”.

Os 2,5 milhões de euros, suspeita o MP, serviram para financiar o pagamento de créditos antigos de LFV, e para comprar terrenos da Inland e de outras empresas do grupo empresarial de Vieira. Este esquema teria a ajuda do empresário Bruno Macedo, do seu filho Tiago Vieira e de outros membros da família de Vieira, segundo o “Observador”.

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