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Direita unida numa só lista teria mais um deputado do que o PS

Se os eleitores do PSD, CDS-PP, Iniciativa Liberal, Chega e Aliança tivessem votado na mesma lista esta teria colocado 97 deputados na Assembleia da República, ganhando dez ao PS. Mas bastaria o partido de André Ventura ficar de fora para os socialistas continuarem a ter mais parlamentares do que os existentes à sua direita.
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Rodrigo Antunes/Lusa
14 Outubro 2019, 07h46

Uma lista conjunta de partidos de centro-direita e direita que somasse todos os eleitores que deram o seu voto nas legislativas de 6 de outubro ao PSD, CDS-PP, Iniciativa Liberal, Chega e Aliança teria 97 deputados (mais 13 do que a soma dos que foram obtidos pelos quatro primeiros partidos) na Assembleia da República, com uma vantagem de um mandato sobre o PS quando ainda falta apurar os quatro parlamentares dos círculos de Europa e Fora da Europa.

Segundo cálculos do Jornal Económico, apenas os círculos de Braga, Leiria, Viana do Castelo, Vila Real, Açores, Beja e Bragança não teriam qualquer alteração na distribuição de mandatos, com uma hipotética lista conjunta de direita, que chegou a ser proposta por Pedro Santana Lopes, presidente do Aliança (único desses cinco partidos ainda sem representação parlamentar quando já estão apurados os 226 representantes dos 20 círculos de Portugal Continental, Açores e Madeira), a ganhar um deputado ao PS em Lisboa, Porto, Setúbal, Coimbra, Faro, Viseu, Madeira, Castelo Branco, Guarda e Portalegre, à CDU em Santarém e Évora, e ao Bloco de Esquerda em Aveiro.

Nesse cenário, os partidos de centro-direita e direita somariam 97 deputados, o PS teria 96 (menos dez do que na realidade), o Bloco de Esquerda ficaria com 18 (menos um) e a CDU obteria apenas 10 (com a particularidade de todas as perdas continuarem a ser sofridas pelo PCP, pois os dois deputados do PEV teriam a eleição garantida). Por seu lado, o PAN manteria os quatro deputados que passará a dispor na Assembleia da República e também não ficaria posta em causa a entrada de Joacine Katar-Moreira, cabeça de lista do Livre por Lisboa.

E se o Chega ficasse de fora?

Os ganhos eleitorais de uma lista conjunta, potenciados pelo método de Hondt – que favorece tendencialmente os mais votados – e também pela ultrapassagem do PS enquanto primeira força em círculos que elegem poucos deputados e/ou têm um número ímpar de mandatos a distribuir, seriam ligeiramente mais limitados se o Chega ficasse fora da equação, por exclusão alheia ou vontade própria.

Somando apenas os votos do PSD, CDS-PP, Iniciativa Liberal e Aliança, verifica-se que André Ventura continuaria a ser eleito por Lisboa enquanto cabeça de lista do Chega, mas os seus eleitores fariam falta ao centro-direita e direita noutros círculos.

O maior beneficiário seria o PS, que nesse caso não perderia um deputado para a direita no Porto, em Faro, em Viseu e na Madeira, verificando-se nesses dois últimos círculos os empates 4-4 e 3-3 que ocorreram entre sociais-democratas e socialistas, embora o PSD tenha sido a força com maior número de votos.

Nesse cenário, o PS voltaria a superar a soma da oposição à sua direita, chegando aos 100 deputados (menos seis do que detém agora), enquanto a soma dos partidos de centro-direita e direita ficaria pelos 92 (mesmo assim mais nove do que os 77 do PSD, cinco do CDS-PP e um do Iniciativa Liberal já apurados), enquanto Bloco de Esquerda teria 18 (menos um) e o PCP oito (menos dois), mantendo-se inalterados os dois do PEV e os únicos representantes do Livre e do Chega.

Vitória insuficiente 

Mas mesmo que os cinco partidos se tivessem apresentado coligados, e não perdessem votos para a abstenção, o centro-direita e a direita teriam a segunda “vitória de Pirro” consecutiva nas legislativas, pois os 97 deputados teriam ainda menores hipóteses de encontrar outros apoios na Assembleia da República do que a coligação Portugal à Frente teve em 2015. Os 106 deputados do PSD e CDS-PP levaram o então Presidente da República Cavaco Silva a indigitar Pedro Passos Coelho primeiro-ministro, mas esse Executivo foi derrubado logo a seguir, abrindo caminho para a “geringonça”.

A maior diferença nestas legislativas seria que o maior número de deputados eleitos com uma lista conjunta poderia minorar a contestação a Rui Rio no PSD e afastar a decisão de Assunção Cristas não se recandidatar à presidência do CDS-PP. E uma ordenação de candidatos a deputados levando em conta os resultados dos diversos partidos nas eleições europeias tornaria mais fácil a eleição de Pedro Santana Lopes para o Parlamento do que a dos deputados do Iniciativa Liberal e do Chega

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