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Diretor de Recursos Humanos da TAP suspenso de funções até à conclusão do inquérito (com áudio)

Pedro Ramos fica suspenso de funções até à conclusão do inquérito devido ao polémico vídeo gravado na ‘Plaza Mayor’ em Madrid. Sandra Rodrigues assume interinamente a direção de Recursos Humanos.
16 Junho 2021, 09h19

O diretor de Recursos Humanos da TAP vai ficar suspenso de funções até à conclusão do processo de inquérito instaurado no âmbito da revelação na terça-feira de um vídeo onde surge a comentar o processo de recrutamento que decorreu em Espanha.

“Informamos que a Sandra Rodrigues irá assegurar interinamente as funções do diretor de Pessoas e Cultura, no contexto do processo de inquérito instaurado, que determina a suspensão de funções do Pedro Ramos até à conclusão do mesmo”, pode-se ler na mensagem da comissão executiva a que o JE teve acesso.

Sandra Rodrigues ocupa atualmente a posição de diretora de Recursos Humanos na TAP, com o pelouro de Organização de Pessoas e Produtividade.

A nota foi enviada esta quarta-feira, 16 de junho, aos trabalhadores da empresa e destaca que o processo será seguido dos “procedimentos disciplinares aplicáveis a esta situação”.

A carta conta com as assinaturas do presidente da comissão executiva, Ramiro Sequeira, e da administradora executiva, Alexandra Reis, onde expressam a sua solidariedade para com todos os trabalhadores da TAP e onde é pedido o “bom senso e recato de todos”.

Dois dos responsáveis pelos recursos humanos na TAP, Pedro Ramos e João Falcato, surgem na ‘Plaza Mayor’ no centro de Madrid a relatar a sua experiência na contratação de pessoal para a TAP, segundo um vídeo a que o JE teve acesso.

Em relação a João Falcato, o diretor de recursos humanos da área de Engenharia e Manutenção da TAP saiu da companhia aérea esta quarta-feira. Este responsável já tinha feito um acordo de saída da companhia aérea em abril, mas foi lhe pedido para ficar mais dois meses para concluir vários dossiers que tinha em mãos. A saída estava assim marcada para o final de junho, mas o episódio do vídeo em Madrid precipitou a sua saída da empresa em duas semanas.

O ministro das Infraestruturas, que tutela a TAP, esclareceu na terça-feira que a empresa está a contratar um responsável comercial para a área de carga em Espanha, depois da saída voluntária do anterior gestor.

O objetivo da empresa é substitui-lo “por alguém que conheça o mercado em concreto”, explicou Pedro Nuno Santos em Faro, em declarações transmitidas pela RTP3.

“O negócio de carga surge no plano de reestruturação como oferecendo uma boa rentabilidade e a TAP está a investir nesse negócio”, afirmou o ministro.

A TAP comunicou a 31 de maio que reduziu de 2.000 para 206 o número de trabalhadores que ainda têm de sair da empresa. Segundo a missiva interna citada pela Agência Lusa, as saídas tiveram lugar depois de implementados acordos de emergência e a adesão a medidas voluntárias. A próxima ronda de rescisões voluntárias vai assim ficar-se nestes 206 trabalhadores. Se não aceitarem, a companhia aérea avança para o processo de despedimento coletivo em julho.

“Continuamos a encontrar gente de excelente qualidade”

“Estamos em Madrid eu e o meu colega e amigo, João Falcato. Já fizemos seleção de pessoas esta tarde”, começa por dizer Pedro Ramos, diretor de Recursos Humanos da companhia aérea, no polémico vídeo amador filmado em Madrid.

“E como é selecionar pessoas neste contexto pandémico?”, questiona Pedro Ramos.

“Estamos a fazer avaliações, [os entrevistados] são muito mais abertos, estão muito mais à procura de oportunidades. Continuamos a encontrar gente de excelente qualidade, que acham que isto já passou [pandemia]”, responde João Falcato.

“Gente que não estaria disponível e que está disponível no mercado fruto da pandemia. Esperamos trazer para a TAP. Vamos conseguir contratar. Vamos selecionar os melhores”, acrescenta João Falcato.

Depois da revelação do vídeo, a TAP anunciou hoje que vai abrir um processo de inquérito a estes dois responsáveis de recursos humanos que surgem em vídeo  a comentarem as contratações da companhia aérea em Espanha.

“Tendo tomado conhecimento de uma publicação nas redes sociais na qual intervêm, a título pessoal, dois trabalhadores da companhia, com responsabilidades na área dos recursos humanos e dado o momento que a TAP vive, em que a todos nós são pedidos sacrifícios, decidiu o conselho de administração abrir, de imediato, um processo de inquérito seguido dos procedimentos disciplinares aplicáveis a esta situação”, disse fonte oficial da TAP ao Jornal Económico.

A tutela de Pedro Nuno Santos criticou o vídeo de dois responsáveis de recursos humanos da TAP em que comentam as contratações em Espanha. “O Ministério das Infraestruturas e da Habitação está indignado com o vídeo que circula com dois trabalhadores da TAP com elevadas responsabilidades na companhia, sendo um deles o diretor de Recursos Humanos”, disse fonte oficial do ministério ao JE.

O Bloco de Esquerda já anunciou que vai questionar hoje o Governo sobre esta situação: “Não se pode aceitar um despedimento coletivo e depois anunciar recrutamentos com esta desfaçatez”, escreveu a deputada bloquista Isabel Pires nas redes sociais na terça-feira.

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