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Diretora financeira da Huawei detida em dezembro processa governo do Canadá

Meng Wanzhou, que é filha do fundador da Huawei, está processar o Canadá por, alegadamente, ter sido detida e interrogada antes de ser informada de que ela estava sob prisão. A responsável da tecnológica foi detida em dezembro de 2018 pelas autoridades canadianas, a pedido dos EUA.
4 Março 2019, 12h15

A diretora financeira (CFO) da Huawei, Meng Wanzhou, está a processar o governo do Canadá, a agência de serviço de fronteiras e a polícia nacional daquele país, devido às circunstâncias da sua detenção, em dezembro de 2018. Wanzhou, que é filha do fundador da tecnológica chinesa, Ren Zhengfei, alega ter sido detida, revistada e interrogada antes de ter sido informada que estava detida.

No domingo, em 3 de março, os advogados de Wanzhou anunciaram ter dado entrada no supremo tribunal da Colúmbia Britânica, no Canadá, uma queixa civil da CFO da Huawei contra o governo de Justin Trudeau. Em dezembro do ano passado, Wanzhou foi presa pelas autoridades canadianas, a pedido dos EUA, sob acusação de práticas de fraude por, alegadamente, ter contornado as sanções económicas impostas por Washington ao Irão, com a Huawei a fornecer serviços àquele país do Médio Oriente. A justiça norte-americana defende que a responsável da Huawei enganou os bancos norte-americanos sobre as operações da tecnológica no Irão.

A ação judicial de Meng, citada pelo “The Guardian”, diz que, em vez de ter sido detida, as autoridades interrogaram-na, no dia 1 de dezembro, no aeroporto de Vancouver, “sob o disfarce de um exame alfandegário de rotina” e usaram a oportunidade para “obrigá-la a fornecer provas e informações”.

A CFO da Huawei também relata que os agentes da agência de serviço de fronteiras do Canadá apreenderam os seus aparelhos eletrónicos e que viram de forma ilegal o respetivo conteúdo e obtiveram as palavras-passe de acesso aos dispositivos. A ação judicial reporta que de forma intencional, as autoridades não a informaram sobre os motivos da detenção e que só três horas depois é que soube que estava detida e foi informada que teria direito a chamar um advogado.

“Este caso diz respeito a um esforço deliberado e premeditado por parte das forças policiais para obter provas e informações do requerente de uma forma que eles sabiam constituir graves violações”, alega a defesa da CFO da Huawei.wnazhou

Wanzhou reside atualmente em Vancouver, enquanto aguarda a conclusão do processo de extradição para os EUA, e depois de ter saído da prisão sob uma fiança superior a seis milhões de euros.

Desde que as autoridades do Canadá detiveram a responsável da Huawei, que as relações diplomáticas entre chineses e canadianos pioraram. Numa aparente tentativa de pressionar o Canadá a libertar Meng Wanzhou, o Estado chinês prendeu o antigo diplomata do Canadá Michael Kovrig e o empresário canadiano Michael Spavor, a 10 de dezembro – ambos continuam detidos.

Em fevereiro, o pai de Meng Wanzhou e fundador da Huawei, Ren Zhengfei, concedeu uma entrevista à britânica BBC, onde disse que os EUA estão a mover uma campanha politicamente motivada contra a empresa chinesa. O caso da CFO da Huawei será um espelho desse cenário.

 

 

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