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Divórcios políticos

Por norma, no território europeu, quando não se obtém maioria absoluta, opta-se por criar uma coligação que permita governar. Para tal, para além das afinidades à Direita ou à Esquerda (o Centro está envolto em nevoeiro cerrado), é tido em consideração os partidos que dão menos chatices. Ou seja, aqueles que mais facilmente deixam a ética e a moral passar ao lado quando o que está em causa são, literalmente, nomeações. Todos têm um preço, uns são apenas mais baratos do que outros.
24 Novembro 2021, 07h15

Os tempos têm sido de agruras no seio do parlamento nacional, assim como nos parlamentos das regiões autónomas, devido às brigas dos (des)alinhados. Consta do ditado popular que “entre marido e mulher, não metas a colher!” porém, quando os radicalismos partidários ou as birrinhas de cadeiras interferem no bolso dos portugueses, é nossa responsabilidade estar alerta para as linhas com que se cosem determinadas coligações e a fragilidade dos princípios em que se alicerçam.

Por norma, no território europeu, quando não se obtém maioria absoluta, opta-se por criar uma coligação que permita governar. Para tal, para além das afinidades à Direita ou à Esquerda (o Centro está envolto em nevoeiro cerrado), é tido em consideração os partidos que dão menos chatices. Ou seja, aqueles que mais facilmente deixam a ética e a moral passar ao lado quando o que está em causa são, literalmente, nomeações. Todos têm um preço, uns são apenas mais baratos do que outros.

Não conseguindo aprovação do Orçamento de Estado para 2022, António Costa viu-se traído “dentro de casa”. Não foi suficiente a cedência às medidas dos partidos da Oposição e para estes últimos não foi bastante a crise que o País e Mundo atravessam para permitir a aprovação do orçamento e uma mais rápida aplicação de medidas cruciais para a nação que se encontra em permanente combate à pandemia. Pelo contrário, subscreveram de forma deliberada a convocação de eleições antecipadas e mais um processo caro, a vários níveis, para o País.

Esta febre opositora chegou aos Açores e o partido com barbas de leite, resolveu ser adulto e bater o pé pois isto de ser a bengala que suporta o governo por um único deputado já lhes cheira a pouco. A terra tremeu e, desta vez, não foi por atividade sísmica: muita gente viu a vida a andar para trás e o que parecia garantido por quatro anos deixou de ser. Pela Madeira, o governo ainda sobrevive. Tem sabido satisfazer os vícios e os interesses pessoais e empresariais de uma forma muito hábil conforme comprovam os últimos resultados autárquicos. Na política não vale tudo. Uma frase cliché que esta região consegue contrariar.

As coligações ou os acordos pós-eleitorais são um penso rápido para o início de um mandato de pressão diária e de instabilidade interna nos partidos. Os líderes vivem diariamente em clima de ameaça e no fio da navalha. A negociação e a habilidade de quem lidera esse processo é o cerne da questão e isso não é para todos. Queremos líderes focados, concisos nas informações que prestam e não fontes de alarme e incoerências diárias de quem não domina os assuntos nem mede o impacto das suas palavras.

Foquemos a nossa atenção nas próximas eleições: quem queremos nós, madeirenses, que nos represente de forma livre, séria e transparente? Qual o candidato a deputado que nos defenderia sem rabos de palha ou algemas nacionais? Quem é que a voz não cala nem a distância trava? Queremos a Madeira bem representada no Parlamento Nacional, isso é certo.

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