A candidata democrata à Presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, precisou correr para apresentar as suas propostas ao eleitorado americano —entrou na disputa em julho, quando o atual presidente, Joe Biden, desistiu de sua candidatura.
Na economia, os seus planos apelam à classe média com a intenção de reduzir preços; já na migração, a democrata precisou endurecer o discurso para conquistar eleitores indecisos. Veja abaixo as suas principais propostas em seis áreas diferentes.
Segundo uma pesquisa feita pelo Pew Reasearch Center divulgada no início de setembro, 81% dos eleitores dizem que a economia será muito importante na hora do voto.
A centralidade do assunto refletiu-se no título do programa de governo de Kamala Harris —”Um novo caminho para a classe média: um plano para reduzir custos e criar uma economia de oportunidades”. Entre as propostas estão um novo imposto sobre pessoas cujas fortunas excedam 100 milhões de dólares (91,8 milhões de euros) e mais dedução fiscal para pequenas empresas.
Kamala promete ainda diminuir os preços de alimentos, habitação e remédios, embora uma das propostas para chegar a esse objetivo seja controversa. Kamala pretende trabalhar com o Congresso pela “primeira proibição federal de aumento abusivo de preços”.
“O projeto de lei estabelecerá regras para deixar claro que grandes empresas não podem explorar injustamente os consumidores durante crises”, de acordo com o seu programa. Segundo os críticos, porém, essa estratégia pode ter o efeito contrário e causar mais inflação.
A Ucrânia talvez seja um dos países que mais aguardam o resultado das eleições nos EUA. Kamala Harris, que esteve com o presidente Volodimir Zelenski dias antes da invasão, em 2022, garante que vai manter o apoio americano a Kiev, como Biden tem feito, e fortalecer a NATO, a aliança militar ocidental.
Pouco deve mudar também em relação a Taiwan, território democrático apoiado pelos EUA que Pequim considera parte da China. “A vice-presidente Harris vai garantir que os EUA, não a China, vença a competição pelo século XXI”, diz o seu programa.
Em relação à guerra Israel-Hamas, a democrata apresenta uma leve divergência em relação ao atual presidente. Ambos afirmam que o Estado judeu tem direito de se defender dos ataques de 7 de outubro liderados pelo grupo terrorista, mas, até aqui, Kamala costuma dar mais ênfase a questões humanitárias.
“Não podemos nos permitir ficar insensíveis ao sofrimento e não ficarei em silêncio”, afirmou a candidata em julho, após encontrar o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, em Washington.
O tema da legalização do aborto é um dos trunfos da candidata. Kamala compete com o responsável pela indicação de três dos cinco juízes da Supremo Tribunal dos EUA que votaram para derrubar, em 2022, a decisão que havia garantido o acesso ao procedimento por 49 anos no país.
A principal proposta nesse campo é trabalhar com o Congresso por uma lei que restaure o entendimento do acesso ao aborto como um direito fundamental —após a decisão da Supremo Tribunal, ficou nas mãos das autoridades locais legislar sobre a questão, e estados mais conservadores restringiram a interrupção voluntária da gravidez.
Ao longo da campanha, Kamala Harris precisou aproximar a sua retórica à do seu adversário, o ex-presidente Donald Trump, em relação à imigração, uma das questões mais importantes para o republicano e seus apoiadores. Isso porque a atual gestão é criticada em relação a suas políticas na fronteira —e a democrata era a representante informal do governo nessa área, como vice-presidente.
O plano de governo afirma que consertaria o “sistema falido de imigração” dos EUA, mencionando o passado da democrata como uma procuradora-geral da Califórnia que “foi atrás de gangues de drogas internacionais, traficantes de pessoas e cartéis”.
Kamala promete resgatar o projeto de lei bipartidário sobre o assunto, bloqueado pelos republicanos no Senado. O texto propõe, por exemplo, aumentar o número de funcionários de imigração, como agentes de asilo e juízes especializados, e melhorar a infraestrutura dos postos de fronteira.
Após um aumento no número de crimes violentos em 2020, no primeiro ano da pandemia de Covid-19, as taxas voltaram a cair nos EUA, de forma geral. De acordo com o FBI, a polícia federal americana, houve cerca de 2.500 homicídios a menos em 2023 do que em 2022, o que representa uma diminuição de 11,6%.
O combate à violência armada é uma das principais bandeiras da campanha de Kamala —a democrata defende a proibição de armas semiautomáticas e verificações de antecedentes mais rigorosas para quem quer se armar.
Embora diga acreditar nas consequências do aquecimento global, as propostas da democrata nesse campo são vagas e falam em “responsabilizar os poluidores para garantir ar e água limpos para todos” e “continuar investindo em uma economia próspera de energia limpa”.
Ao longo da campanha, Kamala precisou recuar de uma posição adotada em 2019 e disse que, se eleita, não vai banir o fracking (ou fraturamento hidráulico) —técnica poluente que usa água com areia e químicos para quebrar rochas profundas e extrair gás ou petróleo.
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