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Do Técnico para Copenhaga à procura de buracos negros

Os seus interesses de investigação incidem sobre gravitação, em particular ondas gravitacionais e buracos negros e o seu sonho é um dia ver ultrapassada essa barreira do conhecimento.
  • Instituto Superior Técnico:
30 Maio 2021, 20h00

Os seus interesses de investigação incidem sobre gravitação, em particular ondas gravitacionais e buracos negros e o seu sonho é um dia ver ultrapassada essa barreira do conhecimento. Para isso trabalha.

Vítor Cardoso, professor e presidente do Departamento de Física do Instituto Superior Técnico (IST), também investigador do Centro de Astrofísica e Gravitação (CENTRA), doutorado em Física pelo IST, com pós-doutoramento na Universidade do Mississippi e na Universidade de Washington, em St. Louis, tem agora uma oportunidade de ouro: uma bolsa de 5,3 milhões de euros atribuída pela Villum Fonden, fundação dinamarquesa criada em 1971 pelo engenheiro Villum Kann Rasmussen, permite-lhe continuar a fazer ciência de ponta. E, como diz o próprio, nunca se sabe como isso poderá acabar. “Podemos estar ao pé de uma era de transformação tão grande como foi o início do século XX”.

Vítor Cardoso assume a direção de um novo grupo de investigação no Instituto Niels Bohr, mantendo a sua atividade de investigação e docência no Técnico. Nas suas mãos tem a possibilidade de construir uma das melhores equipas internacionais para se dedicar inteiramente ao estudo de buracos negros, em todos os seus aspetos.

“A intenção é desvendarmos alguns dos segredos que estes objetos guardam”, afirma ao JE Universidades. Sobre o tema, aponta dois aspetos importantes. “O primeiro é que os buracos negros existem e são numerosos no universo.

Existem buracos negros tão massivos que ditam mesmo a evolução de toda a galáxia circundante”. O segundo aspecto é que os buracos negros representam a fronteira do nosso conhecimento. “Nós sabemos que a teoria de Einstein falha no interior, nós sabemos que não conhecemos a Mecânica Quântica nestes regimes drásticos, mas não sabemos qual a solução para este problema… nem sabemos se a solução representa uma revolução no nosso conhecimento”, explica.

Este projeto é equivalente a mais do que duas ERC (bolsas do Conselho Europeu de Investigação), num instituto de referência, o Niels Bohr, fundado em 1921 e onde a Mecânica Quântica se fez adulta. Além do estabelecimento de um grupo de gravitação, a avultada bolsa desafia o professor português a ter impacto “na sociedade dinamarquesa, formando jovens alunos e sensibilizando a sociedade para os desenvolvimentos da área, que tocam a fronteira daquilo que conhecemos no universo”.

Nada com que Vítor Cardoso não esteja familiarizado. No IST, por várias vezes integrou a Lista de Docentes Excelentes do Técnico e em 2018 foi-lhe atribuído o “Prémio IST Excelência no Ensino”. Nas palavras do professor, a nova posição internacional torna-se ainda mais fascinante porque permite manter e fortalecer os laços com a sua casa-mãe. “O Técnico tem algum do melhor talento do mundo, em alunos e investigadores, e claro que é importante manter esse contacto. Vamos criar parcerias, fazer intercâmbio de investigadores, etc. É um maravilhoso novo mundo”. Mais um.

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