Os seguros de saúde estão a crescer em Portugal, mas têm custos mais elevados para as pessoas e para as empresas e continuam a enfrentar desafios, entre os quais envolver métricas de prevenção e responder aos doentes crónicos. Para os endereçar, os presidentes do grupo Future Healthcare e AdvanceCare defendem uma maior interoperabilidade entre outros agentes do sector e a introdução de gamificação que ajude os clientes a manterem um estilo de vida saudável.
“É importante ter uma atitude de prevenção para garantir um envelhecimento de qualidade. Em termos de produtos, é necessário encontrar soluções como outros países têm. Se queremos aceder a outro tipo de serviços e acesso a diferentes serviços médicos é preciso encontrar uma solução de poupança que depois possa cobrir esse tipo de necessidades”, sugeriu José Pina, fundador e CEO do grupo Future Healthcare.
Para o CEO da AdvanceCare, o uso de gamificação (“jogos” online que levem os clientes a ter hábitos de vida saudáveis, entre os quais alimentação adequada, exercício físico regular e horas de sono recomendadas) e programas de apoio aos doentes crónicos são duas soluções, num momento em que o sector da saúde enfrenta o desígnio das doenças crónicas, a principal causa de morte em Portugal.
“Chamamos seguro de saúde, mas na verdade estamos a financiar o tratamento da doença. Temos de trabalhar os eixos de prevenção para que se reduzam os custos, a população seja mais saudável e tenha mais qualidade de vida”, afirmou José Pedro Inácio, no evento “Fórum Seguros 2022”, organizado esta quarta-feira pelo Jornal Económico.
José Pina concordou e alertou ainda para os preços: “Já se sente o aumento”. “O custo médio está mais elevado do que em 2019 e 2020. Há uma pressão da inflação e da subida de custos das seguradoras, mas os clientes têm de continuar a ter capacidade de pagar. É um equilíbrio difícil de fazer, que requer negociações”, advertiu o número um da Future Healthcare.
Em evolução à adesão aos seguros de saúde, a dupla de oradores desta conferência concordou que os seguros de saúde já registavam um crescimento anual significativo, de 6% a 8% no período pré-pandemia, que foi impulsionado com a Covid-19. Ainda assim, a principal mudança sentiu-se no paradigma de consumo.
“O consumidor está a mudar e tem mais noção das coberturas de risco nas suas apólices. Há uma mudança de paradigma do que o segurado quer e daquilo que as seguradoras lhe têm de dar. Não é tanto no diário, a consulta de pediatria ou de ortodontia (o chamado “pacote pré-pago”), mas o risco sério, porque é nos capitais de internamento onde está o verdadeiro risco”, argumentou José Pedro Inácio, CEO da AdvanceCare. Ademais, acelerou a digitalização: hoje 40% dos clientes da AdvanceCare usa plataforma digitais e 80% dos reembolsos são feitos online.
Por sua vez, José Pina disse que a pandemia impactou a perceção dos cidadãos sobre a saúde e o acesso aos cuidados, gerou uma tendência crescente da penetração de seguros de saúde na população portuguesa, mas também houve uma “resposta positiva” das companhias de seguros, com adaptação da oferta e financiamento de testes à Covid-19.
“O sector da saúde está a sofrer uma transformação na forma como entrega os seus serviços. As seguradoras – que já o estão a fazer porque é um processo – têm de se transformar também e incluir uma interoperabilidade para haver maior capacidade para entregar serviços médicos”, propõe o CEO do grupo Future Healthcare.
Até porque continua a ser o benefício extrassalarial mais valorizado pelos trabalhadores das empresas, de acordo com os diversos estudos de mercado.
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