Um mês depois de ter começado o processo de vacinação contra a Covid-19, Israel regista 2,6 milhões de pessoas inoculadas com a primeira dose da vacina e 1,2 milhões já imunizados contra o vírus. Segundo os dados do Ministério da Saúde, o país oriental, com uma população de nove milhões de pessoas, lidera neste momento o processo de vacinação no mundo com cerca de 30% da população já inoculada.
O processo de vacinação israelita, além de colocar o país à frente na tabela, já começa a mostrar evidências quanto à sua eficácia. De acordo com o Governo de Benjamin Netanyahu (um dos primeiros vacinados, em dezembro), o país está a registar uma quebra de 60% no número de hospitalizações de doentes com Covid-19, com mais de 60 anos. A quebra começou a registar-se dois dias depois de ter começado a ser dada a segunda dose da vacina da Pfizer/BioNTech.
Para avaliar a eficiência da vacina e provar que o país caminha no sentido da imunidade de grupo, a Maccabi Healthcare Services, uma organização independente de prestação de cuidados de saúde, concluiu que menos de 0,01% contraíram o vírus mais de uma semana depois de receber a segunda dose. Em números reais, das 128 mil pessoas inquiridas, apenas 20 voltaram a testar positivo à Covid-19, um valor que deixa os especialistas e analistas muito animados, de acordo com a “Reuters”, esta terça-feira.
Embora os estudos sejam preliminares, Anat Ekka Zohar, responsável pelo estudo, sublinhou que a informação é importante “já que todo o mundo está a prestar atenção a Israel para receber informação sobre a eficácia da vacina”, afirmou.
Negociações antecipadas com a Pfizer puseram Israel à frente no processo de vacinação
Em dezembro, quando a União Europeia se preparava para aprovar a primeira vacina contra a Covid-19, depois de o Reino Unido já ter arrancado com a primeira vacina administrada semanas antes, o primeiro-ministro Netanyahu e o ministro da Saúde Yuli Edelstein tiveram cerca 17 conversas com o CEO da Pfizer Albert Bourla para formalizar as primeiras encomendas, conta o “Financial Times”.
Os dois governantes tinham como objetivo montar o processo de vacinação mais rápido e eficiente com o intuito de partilhar informações sobre a eficácia da vacina com a farmacêutica (bem como à Organização Mundial da Saúde) sobre a idade, sexo e histórico médico dos vacinados, desde de que a Pfizer não interrompesse o fornecimento de fármacos. Certa da importância da missão israelita, a Pfizer concordou em entregar 10 milhões de doses da vacina em meados de dezembro, incluindo uma promessa de entregas de 400 a 700 mil doses todas as semanas, segundo os dados do “Politico”.
Com o acordo, a farmacêutica tornou Israel num estudo de caso de uma campanha de vacinação rápida e eficiente. Se for bem-sucedida, a estratégia da farmacêutica pode impulsionar a marca mundialmente.
“Nós convencemo-los de que se nos derem a vacina primeiro, saberemos exatamente como administrá-la no menor tempo possível – e foi exatamente isso o que aconteceu”, cita o jornal britânico as declarações do ministro da Saúde de Israel.
No dia 5 de janeiro, as autoridades divulgaram oficialmente que Israel pagou 30 dólares por pessoa, o equivalente a 25 euros por cada habitante. Um valor que é mais do dobro do preço listado pela Bélgica, por exemplo, que revelou acidentalmente num tweet a sua lista de preços.
Por outro lado, uma emissora pública de Israel coloca o preço por vacina mais alto: 47 dólares por pessoa – cerca de 39 euros.
Netanyahu — que está em campanha para ser reeleito em março — também mencionou várias vezes a sua relação de proximidade com os CEOs da AstraZeneca e da Moderna, sugerindo que estes contatos ajudaram o país a garantir outros milhões de doses. Feitas as contas, até março o país israelita deverá registar um excedente de vacinas.
“Estamos a vacinar 10 vezes mais do que os Estados Unidos”, avançou o primeiro ministro, este domingo, garantindo que serão inoculadas mais de um milhão de doses esta semana. “Nenhum país está a fazê-lo como nós”.
Até ao momento, o plano de vacinação do governo de Tel Aviv está focado na vacinação das pessoas com mais de 60 anos, profissionais de saúde e pessoas com comorbilidades associadas. A segunda fase será dedicada a pessoas com mais de 55 anos com doenças subjacentes.
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