Eis a revolução silenciosa na indústria.

No contexto de uma economia global e progressivamente digitalizada, Portugal enfrenta o desafio de se integrar e liderar inovações emergentes. O advento dos “Digital Twins” (Gémeos Digitais) é emblemático deste cenário, com impacto significativo em diversas indústrias, não apenas a nível nacional, mas também global. Mas o que é afinal um digital twin?

Imagine ter uma réplica exata do seu smartphone no seu computador. Esta réplica mostra em tempo real tudo o que acontece no seu telefone: se a bateria está a descarregar, se há um problema com alguma aplicação, etc. Este “espelho digital” é, em essência, um digital twin. No mundo dos negócios, em vez de smartphones, temos máquinas, fábricas, produtos e até cidades inteiras a serem replicadas digitalmente, permitindo monitorização, análise e otimização em tempo real.

No panorama industrial, a relevância dos Digital Twins é vasta e multifacetada: permite às empresas simular diferentes cenários, identificar falhas antecipadamente e otimizar processos, conduzindo a economias significativas e a um aumento na produtividade. Além disso, permite aos decisores antecipar o impacto de diversas decisões antes da sua efetivação, seja na abertura de uma nova fábrica ou no lançamento de um produto, fornecendo contributos valiosos.

Potenciados pela recolha e tratamento de dados em tempo-real, os Digital Twins já não são um conceito futurista, mas sim ferramentas tangíveis que estão a moldar o presente e o futuro dos negócios. Nesse sentido, importa compreender esta tecnologia e as suas implicações para navegar no mundo empresarial moderno e garantir um lugar à mesa da inovação global.

No contexto internacional, muitas empresas de ponta já utilizam digital twins para reinventar produtos e serviços e, ao estar na linha-da-frente, Portugal tem a oportunidade de se destacar como líder em inovação, transformar o mercado de trabalho gerando novas especializações e empregos, e de capacitar as instituições de ensino e empresas para formar a força laboral do futuro.

Ao considerar o crescente mercado global dos digital twins, as empresas portuguesas podem descobrir novos fluxos de receita e expandir a sua presença em mercados internacionais: estas representações digitais precisas do mundo físico têm sido adotadas em muitos países, como Alemanha, EUA e Singapura, onde fábricas e cidades inteligentes estão a beneficiar de uma visão mais clara e otimizada dos seus sistemas.

Por exemplo, na Alemanha, a indústria automóvel tem-se reinventado através da utilização de digital twins, alcançando eficiências que antes pareciam inatingíveis. Estas nações estão a observar aumentos na produtividade, redução de custos e uma gestão mais eficaz de riscos e recursos. Estes avanços são potenciados pela captação e domínio dos dados específicos a cada negócio individual, particularmente com o advento dos novos modelos de Inteligência Artificial (IA).

Para Portugal, o caminho a traçar envolve um investimento contínuo na formação digital e na infraestrutura tecnológica, através do incentivo às empresas nacionais rumo à literacia digital e a uma cultura de dados. Isto não só revitalizará setores tradicionais, mas também colocará o país na vanguarda de indústrias emergentes. Esta tecnologia é aplicável em várias áreas – desde a manufatura até ao planeamento urbano: uma fábrica que adote esta abordagem poderá melhorar a sua produção, otimizar processos e, consequentemente, aumentar a sua competitividade no mercado global.

Outros benefícios tangíveis incluem a operação remota e manutenção preditiva, otimizações de processo testadas em ambientes controlados, e cadeias de abastecimento mais ágeis e resilientes. O mercado global de digital twins está projetado para crescer exponencialmente, com previsões que apontam para um valor superior a 26 mil milhões de dólares até 2025, uma clara indicação do seu potencial e relevância.

No panorama português, os decisores empresariais e governamentais devem acompanhar o ritmo tecnológico. As instituições de ensino superior devem integrar estes conceitos nos seus currículos, enquanto as empresas necessitam de apostar na formação contínua dos trabalhadores.

Paralelamente, o apoio governamental, em termos de incentivos fiscais e subsídios para a investigação, será crucial para acelerar a adoção destas tecnologias. Os dados e as ferramentas que potenciam, como os Digital Twins, têm o potencial de transformar a economia portuguesa, posicionando-a como líder em inovação e eficiência. Ao abraçar esta inovação, Portugal pode garantir um futuro próspero, resiliente e sustentável.