“Mario Draghi quer que a União Europeia invista entre mais 750-800 mil milhões de euros por ano para aumentar a competitividade e combater o crescimento da China e dos EUA, o equivalente a 5% do PIB europeu anual, acima dos 1-2% que representou o Plano Marshall para reconstruir a Europa após a Segunda Guerra Mundial. Para encontrar estes níveis de investimento, é preciso recuar até às décadas de 60 e 70.
O ex-líder do Banco Central Europeu (BCE) apresentou hoje o seu plano para tornar a Europa mais competitiva, tendo defendido também uma maior aposta na emissão de dívida conjunta pela UE. O foco principal é digitalização, descarbonização e defesa.
“A Europa é a economia mais aberta do mundo, portanto, quando os nossos parceiros não jogam de acordo com as regras, estão mais vulneráveis do que outros”, disse hoje o economista italiano em Bruxelas durante a apresentação do seu plano.
“O crescimento tem estado a desacelerar há algum tempo na Europa, mas temos ignorado isto. Já não podemos ignorar mais. Agora, as condições mudaram: o comércio mundial desacelerou, a China está a desacelerar muito e está a ficar menos aberta… perdemos o nosso principal fornecedor de energia barata, a Rússia”, afirmou, citado pela “Reuters”.
Outro dos pontos defendidos pelo relatório é a emissão conjunta de dívida europeia, conhecida por ‘Euro bonds’, uma ideia pouco consensual entre os países, com a Alemanha a ser uma das principais críticas. “A UE deve avançar para a emissão conjunta de ativos seguros para permitir projetos de investimento em conjunto entre estados-membros e para ajudar a integrar o mercado de capitais”.
Por outro lado, o relatório também defende a aprovação de medidas através de uma maioria qualificada – acabando com a regra da maioria absoluta. E também defende medidas uniletarais, para que as nações possam avançar sozinhas em alguns projetos.
Isabel Meirelles, especialista em assuntos europeus, defende que o plano aponta que as “barreiras burocráticas têm de ser derrubadas. É impossível as PME cumprirem a regulamentação. É preciso reduzir a burocracia e tornar mais eficiente o processo de decisão na União Europeia”, afirmou a antiga vice-presidente do PSD.
Para o professor universitário Carlos Zorrinho, “fica claro que a Europa geopolítica só será relevante se for competitiva. Já não basta ser um mercado único, o mercado tem de ser competitivo. Os países europeus só serão relevantes se forem uma federação económica, se não, não têm futuro nem peso”, segundo o ex-eurodeputado do PS.
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