É preciso recuar muitas décadas para encontrar uma legislatura previsivelmente tão longa como a que resultou das eleições de janeiro, e que se prolongará por mais de quatro anos e nove meses, até outubro de 2026!

Depois dos resultados não terem sido os desejados, o maior partido português que lidera a oposição acaba de eleger o seu líder, ouvindo os militantes num processo eleitoral disputado por dois candidatos que procuraram a legitimidade democrática interna para construírem as suas propostas para Portugal.

Das eleições diretas do PSD, que mobilizaram cerca de 26 mil militantes (menos dez mil do que em dezembro passado) e que exerceram o seu direito de voto, resultou a eleição de Luís Montenegro como presidente do PPD/PSD. Eleito com 72% dos votos expressos, será o líder incontestado da oposição em Portugal, sucedendo a Rui Rio, que em 2019 e 2022 tentou, mas não conseguiu ser eleito primeiro-ministro de Portugal.

Em eleições diretas, como as realizadas esta semana, votaram os militantes e não as estruturas diretivas, nas quais cada um teve um voto, exercido em liberdade. São estes que verdadeiramente decidem as eleições internas, e não os seus representantes, para que o trabalho que se vai iniciar, nomeadamente reconstruir o PSD e prepará-lo para um novo ciclo (longo) sem eleições externas à vista.

Na verdade, a decisão que esteve em cima da mesa, foi o futuro do partido e a escolha do futuro primeiro-ministro de Portugal a longo prazo.

A esperança dos Portugueses é mesmo, e só, na alternativa em construção no PSD. Em construção porque, depois destas eleições e até às próximas legislativas, haverá ainda mais duas internas em 2024 e 2026, até que formalmente o Partido indigite o candidato a primeiro-ministro. Até lá, Portugal precisa de um partido forte, unido, mobilizado e ambicioso, focado na sociedade civil e com visão para o crescimento económico e desenvolvimento social.

O PSD que sai destas eleições disputadas é indiscutivelmente mais forte e comprometido com o futuro. Após a instalação e eleição dos restantes órgãos políticos no congresso de julho, estará pronto para se afirmar como o partido que reúne o melhor projeto político para o nosso país. Porque a legitimidade é um valor inerente à democracia, Luís Montenegro conquistou-a e terá que forçosamente promover a unidade interna.

À segunda, venceu e é o presidente de todos os militantes, independentemente de quem o apoiou ou não. Isto porque a decisão dos seus militantes foi escolher quem, no momento, tem as melhores condições para fazer acreditar. Numa escolha livre em democracia interna, num partido plural e respeitador da liberdade, que trilhará um caminho nos próximos anos, para ser não só oposição, mas a alternativa para governar Portugal.

A bem da democracia, do sistema político e de todos nós, o que esperamos que aconteça no Coliseu do Porto é um congresso inspirador e mobilizador para todos os que procuram uma alternativa ao atual Governo. E que querem o melhor para Portugal.