O Silicon Valley Bank, em Santa Clara, Califórnia, do grupo SVB Financial, foi encerrado esta sexta-feira pelo Departamento de Proteção Financeira e Inovação da Califórnia, que nomeou a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) como liquidatária da instituição.
A consultora Forste fez uma análise ao SVB Financial Group, lembrando que “o Silicon Valley Bank (SVB) entrou em insolvência depois de uma corrida aos seus depósitos, à qual não foi capaz de corresponder”.
Mas Pedro Assunção, CIO da Forste, descarta que a insolvência do SVB traga problemas mais graves para o sector financeiro.
“É difícil tirar conclusões para o sistema bancário em geral partindo deste caso particular”, começa por dizer o Chief Investment Officer, responsável pela área de tecnologia da informação (TI) da consultora Forste. “Os grandes bancos americanos e europeus são muito mais diversificados do que o SVB, geograficamente, em carteiras de ativos e em base de depositantes e, portanto, o risco de um bank run é muito reduzido”.
A Forste diz mesmo que “também é errado assumir que o SVB pode ser um Lehman Brothers de 2023. O SVB não desempenha um papel fundamental no sistema financeiro global como em 2008 a Lehman desempenhava com uma posição enorme no mercado de derivados, sobretudo de crédito, e sendo contraparte de bancos em todo o mundo. Portanto, dificilmente a queda do SVB terá consequências mais amplas”.
“O SVB tem algumas características particulares que o tornaram mais propenso a este problema, nomeadamente porque tinha uma carteira de obrigações muito grande face ao total de ativos e tinha uma carteira de depositantes relativamente concentrada (start-ups de tecnologia) que reagiu de forma muito concertada ao levantar os depósitos”, explica Pedro Assunção.
“Ao necessitar de liquidez, o SVB foi forçado a assumir uma perda na venda de parte da carteira de obrigações que consumiu mais de 10% dos seus capitais próprios. Para colmatar esta perda tentou uma operação de aumento de capital que falhou e o deixou ainda mais fragilizado”, acrescenta.
“Depois da queda significativa do sector bancário americano ontem e do sector bancário Europeu hoje, não nos parece que o choque se propague muito mais”, refere Pedro Assunção. Mas, acrescenta, “convém lembrar que o maior risco no sector bancário está em bancos com uma discrepância grande entre a duration dos seus ativos e passivos, sobretudo num momento como o atual em que a subida de taxas de juro desvaloriza os ativos e torna mais fácil a concorrência para a captação de depósitos. Por isso, esta subida continuada das taxas de juro de curto e longo prazo é uma benesse para o sector financeiro na forma de margens mais elevadas, mas também aumenta o seu perfil de risco”.
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