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“É evidente que o PS não tem uma posição nada unívoca” sobre o OE

“A discussão chegou a um ponto em que não é possível explicar ao país as divergências” entre Governo e oposição para aprovarem o OE2025, considerou Sérgio Sousa Pinto, confessando que nunca havia visto “uma convicção que assente em um ponto percentual”.
9 Outubro 2024, 14h17

O afunilamento da discussão orçamental em dois temas – e nos quais as posições do Governo e da oposição distanciam pouco – é algo que os partidos terão dificuldade em explicar aos portugueses, que não pretendem ver o país novamente em eleições. Do lado da oposição, o deputado socialista Sérgio Sousa Pinto diz que a posição quanto à proposta orçamental não é unânime no PS, enquanto o Chega não quererá ir a eleições, projeta o advogado João Taborda Gama.

No quarto painel da conferência de aniversário do JE, desta feita dedicado ao Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), o deputado socialista Sérgio Sousa Pinto admitiu que “é evidente que o PS não tem sobre isto uma posição nada unívoca”, revelando mesmo que “ninguém defende que se vote contra” a proposta orçamental. Ainda assim, a insistência em torno de um ponto percentual no IRC não pode ser vista como “convicção”, critica.

Reconhecendo que “todos sentimos que a taxa de IRC é muito penalizadora e pouco competitiva”, Sousa Pinto argumenta que as ‘linhas vermelhas’ definidas em torno do IRS Jovem e IRC são “a maneira mais simples de assegurar que a negociação não chega a nenhum lado”.

“A discussão chegou a um ponto em que não é possível explicar ao país as divergências. O país não entende se houver eleições”, defendeu.

“Se as linhas foram traçadas assim estrategicamente acabou por beneficiar mais o PSD”, prosseguiu João Taborda Gama, sócio da Gama Gloria Advogados. “Acho que não foi uma estratégia, mas obrigou Pedro Nuno Santos a percorrer o país dois meses a dizer que não queria baixar os impostos a empresas e jovens”, erodindo ainda mais parte do eleitorado.

“Nunca vi uma convicção que assente em um ponto percentual”, afirmou Sérgio Sousa Pinto, confessando que considera “um crime e uma derrota do PS se criarmos as condições para que o partido como o Chega […] possa ser chamado a sustentar o OE”.

“Uma coisa é respeito democrático pelos meus pares eleitos democraticamente, […] outra coisa é ouvi-los e dizer que não quero esta gente perto do poder”, acrescentou quando questionado sobre o respeito pela escolha democrática de um milhão de portugueses que votou no partido de André Ventura.

Ainda assim, João Taborda Gama, sócio da Gama Gloria Advogados, não acredita que o Chega queira ir a eleições. Simultaneamente, as experiências de orçamentos já aprovados com o partido mostram que as suas políticas acabam por não ser incorporadas nas propostas orçamentais, como é exemplo a subida dos apoios sociais nos Açores.

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