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“É gozar com os estudantes”: Moedas criticado por inaugurar residência com quartos entre 700 e 1.100 euros

Federação Académica de Lisboa foi convidada para a inauguração, mas recusou o convite. “Preços não são comportáveis para a maioria dos estudantes”, justifica a presidente, Catarina Ruivo. Inês de Sousa Real ironiza: “Moedas está mesmo empenhado numa cidade só para unicórnios. O próximo passo deve ser apoiar os gambozinos.”
Carlos Moedas
Carlos Moedas
20 Março 2023, 15h57

Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, está a ser criticado depois de ter inaugurado uma residência para estudantes, no Campo Pequeno, cujo valor dos quartos se situa entre os 695 euros e os 1.096 euros.

“Inaugurámos a nova residência de estudantes no Campo Pequeno. Trabalhamos diariamente para aumentar a oferta de habitação: através do sector público e do privado, do sector social e cooperativo”, anunciou no Twitter, na sexta-feira, o autarca social-democrata, que acabou por ser criticado, tendo em conta que os preços da referida residência não se adequam a qualquer carteira.

“Isto não é oferta de habitação ou alojamento estudantil acessível! Quartos, repito, quartos (!) a custarem entre 690 e 1.000 euros é gozar com os estudantes!”, criticou também Inês de Sousa Real, porta-voz e deputada única do PAN, na mesma rede social, terminando num tom irónico: “Moedas está mesmo empenhado numa cidade só para unicórnios. O próximo passo deve ser apoiar os gambozinos.”

Convidada a participar na inauguração, a Federação Académica de Lisboa (FAL) recusou o convite. “Recebemos o convite, mas tomámos a decisão de não ir. Estes custos não são comportáveis para a maioria dos estudantes a frequentar o ensino superior”, justificou Catarina Ruivo, presidente da FAL, ao Correio da Manhã, assegurando não ser contra as iniciativas privadas, desde que estas sejam “acompanhadas de uma aposta pública a preços comportáveis.”

Uma visita ao site da residência em questão mostra os valores dos quartos, indicando as características de cada tipo. Os mais baratos, a 695 euros, são designados como “suítes standard” e estão localizados no rés-do-chão e no primeiro piso.

De acordo com a informação do site, estas suítes têm uma área de aproximadamente 12 m2 e incluem uma cama de solteiro, secretária de estudo e cadeira, roupeiro com prateleiras, espelho de corpo inteiro e casa de banho privativa. A cozinha e a sala de estar são comuns a toda a residência.

Os mais dispendiosos (a 1.096 euros) são os estúdios “classic plus”, têm 15-16 m2 e estão localizados no terceiro e no quarto pisos.

Segundo o site, cada estúdio/apartamento inclui uma cama de solteiro, secretária de estudo e cadeira, roupeiro com prateleiras, espelho de corpo inteiro, casa de banho privativa e uma kitchenette com arrumação, placa de indução, forno microondas combinado e frigorífico.

As críticas a Carlos Moedas surgem numa altura em que o país – e, em particular, a cidade de Lisboa – se debate com uma crise no sector da habitação, um problema que é reconhecido por toda a classe política. O Governo anunciou, em fevereiro último, um pacote de medidas para dar resposta à falta de habitação, tendo aprovado na semana passada duas delas: o apoio às rendas e juros bonificados no crédito à habitação. As restantes, incluindo o arrendamento coercivo, continuam em consulta pública.

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