Numa conversa focada no avanço da tecnologia na sociedade, o diretor executivo da Nova SBE Innovation Ecosystem, que todos os dias lida com o inevitável, garante que devemos experimentar com o futuro e não colocarmo-nos à sua frente.
“É inútil sermos à prova do futuro”, disse Rui Coutinho no painel “Como a tecnologia está a mudar a forma como vivemos”, ao lado de Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS, num debate no âmbito do Outlook 2024, a conferência do Jornal Económico que perspetiva o próximo ano.
Num exemplo muito próprio, o docente lembra que a própria SIBS é disruptiva e está “a desmaterializar todos os meios de pagamento”. “As próprias empresas estão a ‘romper-se’ e a encontrar futuros possíveis” ligados com este avanço tecnológico.
Para Rui Coutinho, é necessário ter a “capacidade de experimentar o futuro e com o futuro”, dado que o mundo tecnológico está em constante rotatividade. “A única forma que vamos ter de lidar com a disfunção é liderá-la, e para isso temos de experimentar”.
No contexto empresarial atual, o diretor do Innovation Ecosystem sublinha que é “demasiado arriscado uma empresa não inovar”. “A capacidade de experimentar com o futuro é mitigar o risco com a existência de uma nova empresa no futuro”.
E a introdução do ChatGPT no sector educacional? Rui Coutinho atira que, à primeira vista, “é a encarnação do mal na terra” e que “nos vai tornar irrelevantes”. Mas com o aprofundar da conversa, o docente explica que não é bem assim e que não devemos temer ou afastar esta tecnologia.
“A verdade é que o ChatGPT não é nada de extraordinariamente novo. Qualquer consumidor entende a Inteligência Artificial com esta tecnologia. De repente surgiu um projeto que coloca a IA pura e dura ao serviço da sociedade e o seu ritmo de adoção foi explosivo”.
Ainda que o sector da educação sinta que “tem os dias contados” devido à introdução de novas tecnologias, Rui Coutinho nota ‘apenas’ desafios, tanto a curto como a médio/longo prazo.
Um problema a curto prazo, refere, é como se avalia corretamente o trabalho feito em casa por um aluno. “Como sabemos que o aluno não usou o ChatGPT? Não sabemos, mas temos de garantir que o avaliamos consoante todas as ferramentas que dispomos”.
Sobre a IA Generativa, o docente garante que a função dos professores é “compreender e procurar informar os alunos”. “Não proibimos e podemos inclui-la mas temos de informar os alunos. Sobre a avaliação? Existem meios para a fazermos face to face, complementando o trabalho feito em casa. Mas queremos sinceridade: Se usam estes mecanismos, citem”.
Relativamente aos problemas de médio e longo prazo, o diretor do Innovation Ecosystem coloca em perspetiva a visão do professor e do ensino na sua generalidade. “A ideia de que somos os donos do conhecimento e estamos no alto da torre de marfim fica agora questionado. O professor e o sistema de educação serve, ao contrário da tecnologia, para introduzir pensamento crítico. Vamos ser os curadores e facilitadores”.
“Ainda ninguém tira verdadeiramente partido destas tecnologias”, defende. No entanto, são elas que “colocam desafios diferentes” aos vários sectores que complementam a economia.
“Temos de nos adaptar às circunstâncias. Aceitem que dói menos. Se tentamos concorrer com a máquina vamos perder”. “Temos de ver o que é nosso, humano, e nos permite distinguir da tecnologia. Temos, em conjunto, de fazer essa experimentação”.
O que criaria se tivesse recurso à IA?
“Tudo aquilo que me liberte trabalho que acrescenta menos valor”, indica.
“A tecnologia está muito pouco virada para a felicidade. Queria que a IA me ajudasse, tal como à minha equipa, a ser mais feliz”.
“A tecnologia tem de nos ajudar a tornar a nossa vida mais fácil. Se a tecnologia me ajudar a falhar menos agradeço, mas tem de ser um progresso e processo harmonioso”.
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