O Grupo Luz Saúde e a Siemens Helthineers juntaram-se para possibilitar a realização de exames como TAC e Ressonância Magnética com médicos especialistas à distância. Com recurso a Inteligência Artificial (IA), “é quase a introdução do videoárbitro (VAR)” na saúde, de acordo com Hugo Marques, responsável pela área de Digital&Automation da empresa alemã em Portugal.
A tecnologia está disponível no Hospital da Luz Funchal e no Hospital da Misericórdia de Évora (unidade gerida pela Luz Saúde), incialmente em “fase piloto”. Ao mesmo tempo, a Siemens Helthineers quer expandir a mais unidades, daqui para a frente.
Permite que exames a Tomografia Computorizada (TAC) e a Ressonância Magnética (RM), que se destacam pelo elevado grau de precisão necessária, possam ser realizados com os médicos mais experientes à distância. Para tal, é colocada uma câmara dentro da sala do TAC e da ressonância, o que permite à equipa remota dar indicações, por um lado, ao paciente e, por outro, ao médico e ao técnico que estão no local. Tudo isto é feito em tempo real.
Através deste contacto, hoje já é possível realizar o exame com toda a eficácia e recolher toda a informação necessária para garantir os melhores cuidados médicos ao doente. A garantia é do próprio Hugo Marques, que esteve à conversa com o Jornal Económico (JE) e estabelece uma comparação com o árbitro de vídeo usado no futebol.
“Quem decide tem acesso a um conjunto de tecnologias que o árbitro, estando localmente, não tem e muitas vezes é difícil de poder gerir numa fração de segundos. Na área da saúde, muitas vezes não é diferente”, esclarece o profissional da Siemens Helthineers.
“Quando damos a possibilidade de ter o videoárbitro, é exatamente para complementar a decisão do árbitro em termos de casos específicos”, salienta. O próprio não tem duvidas de que a tecnologia vai permitir reter talento médico em Portugal e até pode, futuramente, fazer deste um país propício a receber médicos que trabalhem à distância para unidades de saúde de outros países.
“A concentração dos profissionais de saúde está muito nos centros urbanos, portanto, entre Coimbra, Lisboa, Porto”, lembra. Assim sendo, estas funcionalidades vão permitir que os médicos realizem exames “em qualquer lugar e de forma muito sustentável, porque vai evitar deslocações, vai permitir que os doentes não tenham que vir aos grandes centros”, esclarece.
A tecnologia está presente na Dinamarca, Suécia, Noruega e Alemanha, além dos EUA. Significa isto que o mercado português se coloca praticamente na vanguarda, o que gera um contexto que pode ser muito favorável, se bem aproveitado, de acordo com o próprio Hugo Marques.
No futuro, pode haver equipas formadas por médicos portugueses, localizadas em Portugal, “a executar, operar e adquirir exames, não só no nosso território mas no espaço europeu”, atira. Ao mesmo tempo, o responsável não tem dúvidas de que Portugal está a viver um cenário que deve ser aproveitado da melhor forma.
“Com todo o investimento que estamos a ter, fruto do PRR, teremos uma oportunidade única, porque vamos ter o país equipado tecnologicamente nestas áreas, com uma diferenciação tecnológica equivalente a qualquer região da Europa”, sublinha.
TAC em ambulâncias para salvar vidas
A tecnologia leva a crer que está mais próxima a realização de exames como uma TAC numa ambulância. Ao invés de um doente urgente ter que ser transportado para um hospital, onde é realizada a TAC para que seja transferido para o hospital mais indicado, a possibilidade de fazer o mesmo exame numa ambulância permitiria acelerar todo o processo.
“Cada segundo conta” para alguém que esteja sofrer, de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), exemplifica. Com uma equipa preparada à distância e a realização do exame numa ambulância, poderiam salvar-se vidas, ressalta.
Siemens Healthineers está aberta a mais parcerias
Hugo Marques não tem dúvidas de que esta tecnologia será “uma trend [tendência, em inglês]” no sistema de saúde, tanto nos grupos de saúde privados como no setor público. Neste contexto, está a aberta a aliar-se a outros grupos e ao SNS, para fazer aquela tecnologia chegar mais longe.
Ao mesmo tempo, pode desempenhar, no futuro, um papel na formação de profissionais de saúde, em função da capacidade para que técnicos juniores trabalhem com médicos experientes, na realização de exames.
IA ajuda na realização da ‘fotografia’ perfeita
Em exames como uma TAC e uma Ressonância Magnética, é crucial “garantir que o doente é posicionado no mesmo sítio onde foi posicionado na última vez, para que a aquisição seja feita e as sequências possam ser comparadas”, de forma a “mapear a evolução de lesões”, lembra Hugo Marques.
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