A PwC, auditor da Sporting SAD, considera que as rescisões dos jogadores ameaçam liquidez da SAD. E dá conta do seu impacto negativo nas contas trimestrais, até 31 de março de 2018, com a redução do valor do plantel a pesar cerca de 17 milhões de euros, levando os capitais próprios da para nove milhões de euros negativos.
Uma situação de falência técnica que é agora admitida num comunicado do Sporting divulgado nesta terça-feira, 18 de junho, a dar conta da informação prestada a 12 de junho à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) pelo auditor do clube, a PwC, sobre o impacto negativo das rescisões dos jogadores do clube.
Na qualidade de auditor da SAD, a PwC alerta para o “impacto na gestão do risco de liquidez da Sporting SAD” decorrente das rescisões dos jogadores da equipa profissional de futebol do clube e da existência de “uma ameaça concreta em relação à continuidade das operações” da sociedade.
Na base desta avaliação estão as “recentes rescisões de contratos de trabalho desportivo de jogadores” da SAD que são “considerados dos mais valiosos em termos de mercado” e sobre os quais o Sporting está impossibilitado de vender, tendo em conta que rescindiram.
Depois dos acontecimentos na Academia de Alcochete foram nove os jogadores do clube que apresentaram cartas de rescisão, alegando justa causa, Rui Patrício, Daniel Podence, William Carvalho, Gelson Martins, Bas Dost, Rúben Ribeiro, Rafael Leão, Bruno Fernandes e Battaglia.
Mas dos nove jogadores que rescindiram, apenas quatro – Bas Dost, Bruno Fernandes, Rodrigo Battaglia e Rúben Ribeiro – eram considerados no activo do SAD, uma vez que os restantes cinco jogadores são jogadores que vieram da formação do Sporting, logo, valendo, por isso, “zero” em termos contabilísticos.
São estes quatro jogadores que contribuíram para um decréscimo do activo intangível relacionado com o plantel na ordem dos 17 milhões de euros.
No comunicado, enviado pela Sporting SAD à CMVM, que é presidida por Bruno de Carvalho, num total de oito pontos, é dado conta que o auditor fez um cálculo sobre o impacto das rescisões no ativo e nos capitais próprios da SAD, concluindo por um impacto negativo de 16,5 milhões de euros, que representa 6% do total do ativo que levou a que os capitais próprios da SAD passassem para terreno negativo de milhões de euros. Ou seja, a falência técnica (quando o passivo é superior ao activo).
“Os impactos calculados a 31 de março de 2018, data a que reportam as últimas contas publicadas pela Sociedade, em termos do ativo intangível — valor do plantel, indicam, para os jogadores comunicados pela sociedade como factos relevantes, um valor de redução do mesmo em cerca de 16,5 milhões de euros, representando 6% do total do ativo”, lê-se no comunicado.
Nesta informação prestada à CMVM é ainda revelado que “da mesma forma, o impacto da possível imparidade associada ao valor do plantel, sem qualquer efeito de imposto sobre o rendimento, conduziria, na mesma data de 31 de março de 2018, a que o total dos capitais próprios passasse de 7,5 milhões de euros para cerca de nove milhões de euros negativos”.
Clube diz que “continuidade das operações” está assegurada
Apesar do impacto negativo das rescisões nas contas da SAD, o conselho de administração garante que a “continuidade das operações se encontra assegurada” tendo em conta os ativos que permanecem no Sporting, mas também por causa da “reestruturação financeira acordada e contratada em 2014 com os bancos financiadores”.
Os responsáveis da Sporting SAD dão ainda conta que o conselho de administração encontra-se “a trabalhar com o objectivo de promover as operações necessárias à melhoria da performance económico-financeira, com a devida sustentabilidade, nomeadamente, através do crescimento das principais linhas de receita, do controlo dos gastos operacionais, mantendo um nível de investimento adequado, e da procura dos melhores negócios de venda de direitos desportivos e federativos de jogadores”.
No comunicado, a SAD garante também que o Sporting “continua dispor de direitos desportivos e federativos sobre um leque considerável de profissionais de futebol” e que esse mesmo plantel “permite assegurar o mesmo nível de desempenho desportivo das épocas anteriores”. E sinalizam como “expectável” que as rescisões “determinem uma descida acentuada dos gastos com pessoal”, os quais, segundo fonte próxima ao processo, deverão superar os 20 milhões de euros.
A SAD volta a defender que “considera ilícitas as rescisões contratuais apresentadas pelos jogadores, por inexistência de justa causa, pelo que procurará responsabilizar tais jogadores e os Clubes com os quais os mesmos celebrem contrato de trabalho, pelos danos e prejuízos sofridos. E diz ter “a expectativa de ser devidamente ressarcido” pelos jogadores e pelos clubes com os quais possam vir a celebrar contrato de trabalho.
Sobre a reestruturação financeira acordada, o Sporting recorda que estão nos seus planos a concretização do aumento do capital social num montante total de 18 milhões de euros, a realizar por novas entradas em dinheiro, com consequente reembolso do mesmo valor ao Novo Banco e uma nova emissão de VMOC (Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis) da Sporting SAD, subscrita pelo Novo Banco e pelo Millennium BCP, no montante global de 55 milhões de euros.
Uma nova emissão, diz, a emitir em moldes idênticos à emissão de 80 milhões de VMOC que, conclui, conduzirá “a uma conversão de dívida bancária em títulos contabilizados como capitais próprios, operações que permitirão aumentar os seus capitais próprios”.
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