Retomamos o exercício do último artigo, continuando a identificar alguns dos domínios das preocupações dos cidadãos, preocupações que precisam de respostas claras.
- A Soberania
Parece existir um certo abdicacionismo quanto ao exercício da soberania. Abdicacionismo “civil” quando despreocupada e irreflectidamente vamos deixando de ocupar o nosso território. Abdicacionismo “militar” quando permitimos que nos conduzissem à actual situação de existência de um simulacro de Forças Armadas. Queremos todos saber quais as propostas para a recuperação nacional da(s) soberania(s) e com recurso a que instrumentos se propõe a sua concretização.
Como se prevê, e com que calendário, se pretende ocupar de todo o território nacional. Que Forças Armadas vamos ter, quando e com que missões prioritárias. Como, quando e com que meios vamos afirmar a nossa relação com o “mar português”, ou estaremos no caminho para dele abdicarmos?
- O Território
A nossa relação com o território é a de perdulários e, frequentemente, também de ignorantes. Abandonámos uma parte dele, negligenciámos outra e abusamos de algumas bolsas.
Precisamos saber que território queremos transmitir às próximas gerações. Um território povoado ou um território a que se renunciou. Um território florestado e cultivado, ou, pelo contrário, sem utilização ou utilidade, inculto e abandonado. Um território com cidades abandonadas e/ou inacessíveis, e periferias sobrepovoadas e guetizadas. Um território que continua a ver-se impermeabilizado e infraestruturado para uma população imaginária em detrimento de um território sustentável e ecologicamente equilibrado. Sabemos o que existe e quais têm sido as tendências dominantes. Precisamos de avaliar a coragem e a qualidade da proposta para o futuro.
- A Fiscalidade e a Segurança Social
Cidadãos e empresas entendem sempre os impostos pagos como excessivos, por tradição e por convicção. Conviria que nos fosse dito como é que anteveem os impostos que vamos pagar, as contribuições para a segurança social que vamos fazer e, sobretudo que modelo de sociedade é que vamos construir com essas receitas.
Tão ou mais importante do que o que pagamos, é como é que esses fundos são alocados. Será importante sabermos se vamos pagar mais ou menos impostos, mas será igualmente importante que saibamos se todos vamos ser tributados por igual e, ainda, se há propostas corajosas, claras e exequíveis para debelar a chaga social que é a economia paralela e a fuga à tributação. Por outro lado, é bom sabermos se a segurança social nos tranquiliza quanto ao futuro, podendo, por isso, contribuir para pôr termo à sangria dos jovens qualificados.
(Continua)
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.