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“É uma autêntica condenação à morte”. PSD acusa Governo de descuidar assistência a doentes não-Covid no SNS

O presidente do PSD, Rui Rio, considera que as falhas na assistência médica e os sucessivos adiamentos de consultas e rastreios são uma “autêntica condenação à morte” e pede ao Governo que reforce a resposta nos casos não-Covid.
  • Flickr/PSD
7 Outubro 2020, 15h33

O Partido Social Democrata (PSD) acusou esta quarta-feira o Governo de ter concentrado o combate à pandemia no Serviço Nacional de Saúde (SNS), descuidando a assistência a doentes não-Covid. O presidente do PSD, Rui Rio, considera que as falhas na assistência médica e os sucessivos adiamentos de consultas e rastreios são uma “autêntica condenação à morte” e pede ao Governo que reforce a resposta nos casos não-Covid.

“O PS e o Governo concentraram no SNS os esforços de combate à pandemia, dizendo que travando a expansão da pandemia, travamos também a mortalidade. Acontece que a taxa de mortalidade tem evoluído de uma forma absolutamente dramática”, atirou Rui Rio, na abertura do debate com o primeiro-ministro sobre política geral, que devido às alterações aprovadas na legislatura anterior passará agora a ser mensal.

Segundo o líder social-democrata, a evolução da taxa de mortalidade é “o tema mais importante que podia trazer” a debate e sublinhou que, entre o dia 2 de março e 20 de setembro, morreram em Portugal “cerca de 64.100 pessoas”, o que corresponde a “mais 7.100 óbitos do que aquilo que foi a média dos últimos cinco anos”. Em termos percentuais, tal significa que morreram mais 12,5% de pessoas em Portugal.

“Poder-se-ia dizer que a responsabilidade está na pandemia, mas não está. Da pandemia, apenas morreram 1.920 pessoas. Há mais de 5.200 pessoas que morreram de outras patologias que não a Covid-19. Isso significa que morreram mais 9,2% de pessoas do que morreram nos últimos anos”, salientou Rui Rio.

O presidente do PSD disse ainda que, “se olharmos de forma fina para os dados, verificamos um dado que absolutamente esclarecedor: morreram nos hospitais mais 7,8% do que a média, e morreram fora do hospital mais 27% do que aquilo que é normal”. “O problema está na falta de assistência”, frisou.

Rui Rio salientou ainda que, entre janeiro e julho, houve “menos 1 milhão de consultas médicas nos hospitais” e “menos 990 mil episódios de urgência”. “Há muita gente que precisava de ter tido essa assistência e não a teve”, disse, acrescentando ainda que, nas listas de espera, há casos com “mais de três anos” de espera por uma consulta e há centros de saúde fechados ou que não têm atendimento presencial.

O líder social-democrata acusou ainda o Executivo socialista de falhar a promessa de, em 2017, todos os portugueses terem médico de família.

“Aquilo que considero mais grave são as falhas ao nível dos meios complementares de diagnóstico e de terapêutica. Estão-se a fazer menos exames e menos rastreios ao cancro. Pior ainda são as linhas de espera para tratamento. Alguém que tem um tumor maligno, que necessita de tratamento e está em lista de espera, na maioria dos casos, arrisco-me a dizer que é uma autêntica condenação à morte”, lamentou.

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