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“É urgente agir”. Perda catastrófica de biodiversidade ameaça humanidade, alerta ONU

Este é o aviso que cerca de 400 cientistas fazem no mais completo e atualizado relatório dos últimos três anos sobre a biodiversidade. “É urgente agir”, dizem cientistas.
6 Maio 2019, 15h40

O relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) que concluiu que os humanos podem extinguir até um milhão de espécies foi apresentado esta segunda-feira em Paris. Os cientistas alertam que só uma transformação profunda dos sistemas económico e financeiro globais poderão salvar do colapso ecossistemas essenciais à sobrevivência humana.

A redação do relatório contou com o apoio de 130 países, entre eles os Estados Unidos, Rússia e China.

No documento divulgado hoje lê-se que o mundo tem que encontrar um caminho pós-crescimento económico, para evitar os riscos à existência humana criados pela poluição, destruição de habitats e emissão de dióxido de carbono.

Os autores identificaram as explorações agrícolas industriais e a pesca intensiva como as causas mais importantes da extinção de espécies, acompanhadas pelas alterações climáticas provocadas pela queima de carvão, petróleo e gás. Recentemente, a taxa de desaparecimento de espécies cresceu centenas de vezes mais do que a média registada ao longo dos últimos dez milhões de anos.

No fim do ano, o relatório também será debatido numa cimeira sobre biodiversidade na China. Entre as espécies ameaçadas de extinção, encontram-se mais de 40% dos anfíbios, 33% dos recifes de coral, e mais de um terço dos mamíferos marinhos. Estima-se que 10% das espécies de insetos também se extingam.

No documento é apresentado que biomassa de mamíferos selvagens caiu 82%, os ecossistemas naturais perderam cerca da metade da sua área e um milhão de espécies estão em risco de extinção – tudo isto acontece como resultado de ações humanas, disse o estudo, compilado há mais de três anos por cerca de 450 cientistas e diplomatas.

Duas em cada cinco espécies de anfíbios estão em risco de extinção, assim como um terço dos corais formadores de recifes, enquanto outros animais marinhos diminuem cerca de um terço.

Os insetos – que são cruciais para a polinização das plantas – são cada vez menos e as estimativas sugerem que pelo menos um em cada 10 está em risco de extinção e, em algumas regiões,algumas espécies já desapareceram completamente.

Em termos económicos, as perdas são impressionantes. A perda de polinizadores prejudicou a produção agrícola a nível mundial em 392 mil milhões de euros, enquanto que a degradação da terra reduziu a produtividade em 23% da terra global.

O relatório pinta uma imagem de um planeta cujo a pegada humana é tão grande que deixa pouca margem de manobra. Contudo, os cientistas dizem que não é tarde demais. Três quartos de todas as terras foram transformadas em campos agrícolas, cobertos por cimento, engolidos por reservatórios de barragens ou sofreram outro tipo de alterações.

Dois terços do ambiente marinho também foram alterados por rotas marítimas, minas submarinas e outros projetos. Três quartos dos rios e lagos são usados ​​para o cultivo agrícola ou pecuário. Como resultado, mais de 500 mil espécies têm habitats insuficientes para a sobrevivência a longo prazo. Muitas irão desaparecer dentro de poucas décadas.

Os próximos 18 meses serão cruciais. Pela primeira vez, a questão da perda de biodiversidade está na agenda do G8. No próximo ano, a China vai receber a ONU, em conferência, para definir novas metas globais para a biodiversidade.

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