A CIP — Confederação Empresarial de Portugal alerta que a perceção sobre e a atividade económica piorou no último mês e que não se perspetivam sinais de melhoria. Oscar Gaspar, vice-presidente da CIP, vincou que “ainda estamos num profunda crise económica”. “As perspetivas pioraram no último mês e como corolário destas questões, é absolutamente claro que são necessárias medidas de estímulo à economia e de manutenção do emprego”, disse.
O responsável falava aos jornalistas depois de terem sido apresentados os resultados do inquérito “Sinais Vitais — Expectativas face a um futuro próximo”, realizado em parceria com o Future CastLab do ISCTE, entre os dias 6 e 11 de novembro, sem ter em consideração por isso as notícias sobre a eficácia das vacinas contra a Covid-19.
Resultado: numa amostra de 150 mil empresas, 61% disse ter registado quebras de 39% nas vendas e 62% revelou uma contração de 40% das encomendas. “Estamos perante números que nos trazem grande preocupação e a perceção é que existe é que a atividade económica piorou”, afirmou Oscar Gaspar.
O vice-presidente da CIP destacou, pela positiva, que 79% das empresas dizem que vão manter ou aumentar o número de colaboradores nos últimos dois meses do ano face a igual período do ano passado. Mas vincou que este número resulta do “esforço acrescido das empresas em manter o nível de emprego” e alertou que “com as quebras das encomendas e da atividade, os modelos económicos apontariam para uma destruição de emprego mais significativa”.
No inquérito, uma em cada cinco (21%) empresas admitiu reduzir o número de colaboradores entre os meses de novembro e de dezembro, o que compara com os resultados do último inquérito Sinais Vitais, no qual apenas 17% das empresas consideravam diminuir o número de trabalhadores.
Oscar Gaspar teme por isso que a taxa de desemprego possa disparar para os dois dígitos até ao final do ano. “O Governo aponta para uma taxa de desemprego de 8,7% este ano. Vários estudos tinham projetado que taxa de desemprego iria atingir os dois dígitos tendo em conta a quebra brutal da atividade. Neste momento o número de desemprego é mais baixo do que seria de supor. Mas não nos enganemos, as palavras da presidente do Conselho de Finanças Públicas, na semana passada, foram muito claras quando disse que teme o aumento do desemprego e das falências, estamos de facto perante um risco enorme. Com as medidas tomadas, tem-se evitado um mal maior. Com toda a franqueza, são precisas mais medidas porque esta crise não vai acabar a 31 de dezembro”.
A CIP tem pedido medidas de apoio à economia, nomeadamente à manutenção do emprego, alertando que uma quebra do PIB “com toda a certeza superior a 8%, a destruição do emprego numa crise destas é inevitável”.
“Por isso é que a CIP tem dito que para termos um apoio ao emprego precisamos de ter medidas específicas para o efeito. As empresas não podem continuar de portas abertas e manter os recursos humanos se não tiverem atividade. Com a quebra de atividade, as necessidades em termos de recursos humanos reduzem-se. Para acomodar este efeito, são necessárias políticas públicas fortes com o mínimo possível de destruição de emprego. Quando falamos de um aumento da taxa de desemprego de 1%, estamos a falar de cerca de 55 mil trabalhadores. O que a CIP defende neste momento é o apoio à economia nacional e à manutenção do emprego”, referiu Oscar Gaspar.
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