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Economistas chineses alertam para possível inflação importada causada pelos apoios à economia norte-americana

Os representantes chineses estão preocupados com a possibilidade de um aumento generalizado dos preços na sua economia em consequência das políticas de apoio nos EUA, alertando também para a ameaça à economia mundial que constitui aquilo que classificam como uma bolha financeira nos mercados norte-americanos.
6 Março 2021, 12h00

Economistas chineses mostram-se preocupados com a possibilidade dos estímulos monetários nos EUA possam gerar uma inflação importada na economia do gigante asiático, ao mesmo tempo que aumenta a apreensão com a sobrevalorização dos mercados americanos e europeus. Quem avisa, entre outros, são o presidente do Banco Central da China e o antigo ministro das finanças de Pequim, que expressam a sua preocupação com as políticas agressivas de apoio às economias ocidentais.

“A emissão em larga escala de títulos do Tesouro norte-americanos e a rápida expansão do balanço da Reserva Federal aumentaram as externalidades das políticas macro dos EUA”, lê-se num artigo do antigo ministro das finanças, Lou Jiwei, que a CNBC traduziu a partir da publicação original numa revista científica chinesa pró-governamental.

Esta é uma preocupação que foi levantada na própria economia dos EUA, onde existem preocupações quanto ao efeito nos preços de transferências como as que estão a ser equacionadas no novo pacote de estímulo que começou a ser discutido no Senado esta quinta-feira.

Outro foco de inquietação para os representantes chineses prende-se com a sobrevalorização, na sua opinião, dos mercados financeiros norte-americanos e europeus, que resulta, argumentam, dos apoios para fazer face à crise.

“Se [os mercados financeiros] divergirem demasiado da economia real, haverá problemas”, afirmou Guo Shuqing, que classificou a atual bolha financeira das bolsas ocidentais como a maior ameaça à economia global neste momento, conforme se pode ler no South China Morning Post.

O rácio entre a capitalização de mercado e o PIB, o chamado Indicador Buffett, atingiu em fevereiro um máximo histórico nos EUA ao tocar nos 228, o que aponta para um mercado “fortemente sobrevalorizado”.

Guo Shuqing antecipa assim “efeitos colaterais”, alguns deles “já visíveis”. Lou Jiwei havia já acusado o país de tentar transferir a incidência da sua dívida pública para o resto do mundo através do seu programa de ajuda económica e alerta para os desafios que este programa cria, “que não se viam há um século”.

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