Na reunião da próxima quinta-feira, o BCE vai manter a taxa dos depósitos em 4%, pelo que será o discurso de Christine Lagarde a determinar se são os economistas contactados quer pela Bloomberg, quer os do banco Goldman Sachs que estão mais perto da realidade, ou se são os investidores.
As autoridades manterão os juros até junho, quando farão o primeiro dos três cortes de 25 pontos percentuais em 2024, disseram os entrevistados pela agência Bloomberg que antes tinham previsto uma mudança inicial em setembro.
Também os economistas do Goldman Sachs esperam cortes mais rápidos de 25pb por reunião (contra 25pb por trimestre anteriormente) até que a taxa de depósito atinja 2,25% no início de 2025.
O Banco Central Europeu vai baixar as taxas de juro em junho, setembro e dezembro do próximo ano, num alívio de política monetária (75 pontos base) que será mais lento e menos profundo do que os investidores estão a descontar, de acordo com a média das estimativas dos economistas sondados pela Bloomberg.
O Banco Central Europeu não irá baixar as taxas de juro tão cedo ou tão rapidamente como os investidores pensam, de acordo com um inquérito da Bloomberg a economistas que sugere que os decisores políticos irão resistir às actuais apostas do mercado.
Já os economistas do Goldman Sachs, num nota enviada hoje, dizem que esperam que “as projeções actualizadas dos especialistas do BCE revelem uma revisão em baixa do crescimento para 2024 (de 1% para 0,8%)”. Mas o banco norte-americano mantém “a expetativa de um melhor dinamismo no futuro”.
“Esperamos uma redução considerável das projecões para a inflação em 2024, mesmo sem a inclusão do fraco relatório intercalar de novembro, com a inflação global e subjacente a cair para 2,8%. Mas não esperamos alterações significativas nas projeções para a inflação de 2025 e vemos a nova previsão para 2026 em 2%”, dizem os economistas do Goldman Sachs no daily “ECB Preview—The Path to Faster Cuts”.
“Por conseguinte, prevemos alterações limitadas à linguagem de política monetária fundamental na declaração de Lagarde”, dizem os economistas do banco que acham que a presidente do BCE vai sublinhar o compromisso de manter as taxas “em níveis suficientemente restritivos durante o tempo necessário”.
“Mas esperamos que o Conselho do BCE reconheça os progressos significativos da inflação em direção ao objetivo. A Presidente Lagarde irá provavelmente enfatizar a dependência dos dados na conferência de imprensa, ligando as perspectivas para as taxas directoras à confiança de que a inflação regressa a 2% de forma sustentável”, prevê o Goldman Sachs.
O banco diz ainda que “esperamos que o Conselho do BCE assinale a sua intenção de antecipar o fim dos reinvestimentos totais do PEPP, encarregando os comités de especialistas de explorar as opções políticas”.
“O nosso cenário de base continua a ser uma decisão formal na reunião de janeiro, de reinvestimentos parciais de 10 mil milhões de euros a partir de abril e o fim dos reinvestimentos em julho”, refere o Goldman Sachs.
Embora seja possível que o Conselho do BCE corte as taxas com as novas projeções macroeconómicas em março, “consideramos abril um pouco mais provável, dada a nossa expetativa de um crescimento mais firme, a força contínua do crescimento dos salários e mais dados que confirmam o abrandamento da inflação subjacente”, defendem os economistas do banco.
O Goldman Sachs atribui uma probabilidade de 30% a uma economia mais fraca que leve o Conselho do BCE a baixar as taxas já em março e a acelerar o ritmo de redução para 50 pontos base em abril.
“Nos nossos cenários de política monetária, actualizados, atribuímos uma probabilidade de 30% a uma economia mais fraca que obrigasse o Conselho do BCE a baixar as taxas já em Março e depois acelerasse o ritmo de corte para 50 pontos base em Abril. Mas agora vemos apenas uma probabilidade de 10% de que as taxas permaneçam inalteradas até 2024”, refere o Goldman Sachs.
“A trajetória da taxa de depósito ajustada pela probabilidade implícita nestes cenários está um pouco acima do preço de mercado para os próximos meses, mas notavelmente abaixo no segundo semestre de 2024”, conclui o banco.
Nos mercados, as expetativas apontam para um total de seis cortes de juros no próximo ano (150 pontos base), com a primeira redução a surgir já em março. Diferente portanto do que vaticinam os economistas.
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