Há muito pouco tempo e num dia de chuva, quando dava o passeio de final da noite com a minha cadela Luna, deparei-me com o sistema automático de rega ligado no jardim público em frente à minha casa. Sendo eu ligado ao mundo da Transformação Digital, pensei de imediato como é tão simples, e com tecnologia barata, tornar a gestão autárquica muito mais eficaz e, acima de tudo, bem mais eficiente.

Com simples e pequenos sensores de humidade e temperatura, pagar-se-iam em menos de um mês o equivalente aos gastos de consumo de água mal gasta de cada jardim público que tenha sistema de rega automático instalado, até porque cada um destes sensores tem em média um tempo de vida útil de dois anos. Se a isto adicionarmos mais algumas funcionalidades aos sensores, muitos mais ganhos poderão ser obtidos.

Naquele dia, este pequeno exemplo deixou-me a pensar que hoje, quando nos apercebemos do drama e da gravidade que o nosso ecossistema ambiental enfrenta, vemos que a principal “moda política” é a da penalização do cidadão com taxas de resíduos e coimas de beatas, entre outras medidas de opressão sobre comportamentos adequados, quando as principais políticas deveriam ser a criação de culturas comportamentais e de gestão empresarial para incentivo a investimentos em tecnologias capazes de traduzir-se em benefícios bem superiores na melhoria da sustentabilidade ambiental, essenciais para a estabilidade do planeta.

Há medidas simples, como aquela que referi dos sensores, mas há muitas mais! Continuo a ver funcionários municipais a varrer durante meia hora uma rua para, depois, uma rajada de vento destruir todo o esforço daquele profissional da estabilidade ambiental do nosso bairro.

Porque não há medidas diretas para que toda a Administração Pública local invista na aquisição de aspiradores automatizados, tendo em conta que são hoje muito mais adequados e mais produtivos? Atualmente, sabe-se que a produtividade é no mínimo dez vezes superior e tem um custo de investimento equivalente de um a dois salários de um funcionário. Será que faz sentido continuar a ver tanta pá e vassoura nas ruas?

Que medidas de investimento económico existem para fomentar a reutilização de águas pluviais para regas ou lavagens várias, quer por empresas quer por municípios? Que políticas de incentivos fiscais existem, agora que ouvimos novamente falar neste tema, para a substituição de equipamentos e máquinas industriais menos poluentes nas empresas e com menos probabilidade de criar descargas em rios?

Não sou especialista em ecologia, apenas nas vertentes de gestão de negócio e de como as tecnologias ajudam o negócio a desenvolver-se. E, nesta matéria, bastou-me investigar um pouco o tema para perceber o potencial de benefícios diretos para o planeta, para a criação de novos empregos e, consequentemente, para a economia no seu todo. Não deveriam as políticas, e aproveitando a “onda verde” política que está a varrer o panorama político, aproveitar também elas fazerem a sua Transformação Digital ecológica?