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Ecrãs à mesa e idosos sozinhos. O que nos diz a forma como comemos

Maioria dos portugueses consideram importante fazer refeições com a família e desejavam fazê-lo mais vezes. Presença de ecãs à mesa é uma realidade para a esmagadora maioria dos mais jovens e muitos idosos não têm qualquer companhia às refeições, mostra estudo da Pitagórica.
As refeições
14 Novembro 2025, 12h40

A maioria dos portugueses gostava de fazer mais refeições à mesa com a família, os jantares em casa continuam a ser um momento importante de convívio e de partilha, mas boa parte dos mais velhos não têm essa hipótese. Quem já tem lugar garantido são os telémoveis, sobretudo nas mãos dos mais jovens. Estas são as principais conclusões de um estudo da Pitagórica realizado para a Associação Portuguesa de Nutrição (APN) e para o Continente, divulgado esta semana.

De acordo com o estudo ‘Convivialidade à Mesa’,  74% dos inquiridos consideram importante fazer refeições em família e 73% acreditam que as refeições são o principal momento de encontro familiar. A grande maioria (67%) almoça habitualmente em casa, um hábito que cresce com a idade e que é mais frequente no Norte (70%) e entre as mulheres (69%). No entanto, 45% afirma que almoça maioritariamente sozinho, dentro ou fora de casa. O jantar é ainda mais caseiro, 85% faz essa refeição em casa e 67% partilham o momento com alguém.

Ainda assim, há um desejo entre a maioria dos inquiridos de fazer  mais refeições à mesa com a família, o que remete para o valor simbólico e afetivo que esses momentos de convívio, de partilha significam e de ligação emocional significam. 80% dos inquiridos reconhecem a importância de partilhar um momento de refeição e 67% dizem mesmo que comem melhor quando estão acompanhados.

Só que, na realidade, uma em cada três pessoas afirma jantar mais vezes sozinha do que acompanhada, o que tem maior expressão nos idosos (31% afirmam fazer essa refeição sem companhia).

Já entre os mais jovens, sobretudo nas áreas metropolitanas, a relação com as refeições é mais fragmentada, com horários desencontrados, refeições fora de casa e a presença constante de ecrãs. O uso de dispositivos eletrónicos é mais frequente ao almoço, enquanto que ao jantar a televisão continua a ter um papel relevante. Cerca de metade dos inquiridos vê televisão durante o jantar, esteja ou não acompanhado. 56% almoça em menos de 30 minutos e essa percentagem baixa para 44% ao jantar. De acordo com o estudo, cerca de 44% utiliza com muita frequência telemóveis ou tablets às refeições, percentagem que dispara para os 70% na população entre os 18 e os 34 anos.

Mas há também ventos de mudança a soprar. Quando questionados sobre alterações no último ano, verifica-se um aumento das refeições feitas com quem se vive e uma redução das refeições a sós ou com amigos fora de casa (o que poderá ser causado pelo peso que as refeições em restaurantes têm na carteira). Também se verifica uma diminuição no uso de ecrãs durante as refeições, o que poderá significar uma tomada de consciência de que os aparelhos à mesa ‘minam’ o convívio e o diálogo.

No natal, a tradição continua a prevalecer. Mais de 70% dos inquiridos passam a consoada e o dia 25 com a família próxima, reunindo várias gerações à mesa. Mas uma em cada 15 pessoas afirma que irá passar a consoada sem companhia.

Em resumo, 74% dos inquiridos consideram importante fazer refeições em família e 73% acreditam que as refeições são o principal momento de encontro familiar. A forma como se come tem quase tanto impacto na saúde como aquilo que se come. Uma refeição tranquila, com conversa e partilha, contribui para o bem-estar de toda a gente. Por isso, se a vida passa a comer, que passe mais vezes como no Natal: à mesa, com todos.

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